Tens nome de divindade,
habitas solo sagrado;
és terra fertilidade,
és paraíso encantado.
Tens dezoito freguesias,
entre si rivalizando;
Castro, lá nas serranias,
Remoães o chão beijando.
Fiães tem o seu convento,
o seu presunto
famoso;
tem a neve e tem o vento,
e tem seu povo orgulhoso.
Alvaredo, mãe das vinhas,
cachos de oiro a dizer:
«eis-nos aqui, madurinhas,
pró alvarinho nascer.»
Cristóval, mesmo à pontinha,
com Cevide lá no fundo,
em beleza é rainha,
das freguesias do mundo.
Paços evoca nobrezas,
palácios senhoriais;
condes, duques e princesas,
trovadores e jograis.
Chaviães namora o rio,
faz olhinhos à Galiza;
e seja inverno ou estio
na sua barca desliza!
Lamas, na serra erguida,
com seu Parque deslumbrante,
é a “Terra Prometida”
do nosso veraneante.
Paderne, não sei que diga,
tão majestosa e imponente;
para a ver, não há fadiga,
é pérola do ocidente.
Cousso, por não ter vaidade,
esconde a sua beleza;
mas é bela de verdade,
apesar da singeleza.
Cubalhão não tem história
(que lh’importa, se é bela);
recordando, de memória,
faz-nos lembrar Cinderela!
A Gave é jóia escondida
entre montanhas sem fim;
por granitos protegida,
é suave, de cetim!
Parada, com seus gaiteiros,
e um rancho, que dança bem,
é um povo de folgueiros,
quanta alegria eles têm!
Penso, é a porta aberta,
para quem do sul caminha;
é uma janela indiscreta,
mostra tudo, tão asinha!
Prado: campos, rio, monte,
santuário de beleza;
Oásis verde, alva fonte,
refúgio da natureza!
Rouças está sempre em festa,
duas santas lá festeja:
uma é rica, mas modesta,
a pobre não tem inveja!
São Paio observa a Vila,
com tanto contentamento;
também ela se perfila
nas terras em crescimento.
A Vila é já um jardim,
todo o ano engalanado;
tem o cheiro do jasmim,
um olhar enamorado.
Todo o concelho é beleza,
nele escolher é traição;
vence Suíça, ou Veneza,
em qualquer competição!
Tem serra, montes amigos,
os rios maravilhosos;
tem os castelos antigos
os monumentos briosos.
Tem isso tudo e o povo,
tem tradições e história;
tem o velho e tem o novo,
tem a fama e tem glória.
Joaquim Rocha
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