BIOGRAFIAS
Padre
Aníbal Bernardo Vasconcelos Mourão Rodrigues Passos
Filho do médico-cirurgião, Dr. Francisco
Luís Rodrigues Passos, e de Ludovina Rosa da Cunha Araújo Monteiro de
Vasconcelos Mourão. Neto paterno do boticário de Paços, Bento Isidoro Rodrigues
e de sua mulher, Rosa Maria Salgado; neto materno do alferes de Infantaria 3,
Vitorino Monteiro de Vasconcelos Mourão, de Vila Real de Trás-os-Montes, e de Albina Clara de Abreu Cunha Araújo, de SMP, Melgaço. Nasceu na Vila de
Melgaço, na Rua da Calçada, às sete horas da manhã de 23 de Dezembro de 1866 (nesse ano casaram seus pais, a seis de Agosto; moraram na
dita rua até construírem a casa nova, inaugurada depois de 1890, feita com
pedra das muralhas, vendida pela Câmara Municipal).
Foi batizado a 14 de Janeiro de 1867. O padrinho de batismo foi o tio, padre
Bernardo António Rodrigues Passos, nessa ocasião pároco colado da freguesia de
Arnoso, concelho de Famalicão, o qual, por não poder estar presente, foi
substituído no ato religioso pelo seu procurador, Gaspar Eduardo Lopes da
Fonseca, contador do Juízo de Direito, e a madrinha foi a sua avó materna, Albina Clara. É interessante sublinhar que a mãe, na altura do matrimónio,
tinha apenas dezasseis anos de idade. Nascera em Viana do Castelo em 1850. Seu
pai nascera em Paços a 18 de Setembro de 1832.
Por influência de seu tio paterno, e
padrinho, padre Bernardo António Rodrigues Passos, que depois de Arnoso foi
pároco durante muitos anos em Chaviães, ingressou no Seminário, que concluiu
com distinção. Em 1890 era «clérigo de
ordens menores.» Seus pais fizeram-lhe, para esse efeito, ou seja, «para
estudar para padre» o património por escritura de 13/9/1883, na propriedade das
Pereiras, sita em Beleco, «terras de pão
e vinho com coutada de tojo, carvalhos, lenha, e o souto contíguo, e na Coutada
do Fragoso, de mato e lenha, nos Casais, tudo isto em Paços.»
Após
a sua ordenação, ficou adido à corte do bispo de Meliapor, como secretário
particular, até 1892, ano em que cantou missa nova.
Foi jornalista brilhante, tendo-se
iniciado nos jornais da terra natal. Foi redator de «O Melgacense», cujo
proprietário era José Cândido Gomes de Abreu, de «O Século» e de «A Pátria.» Colaborou
no «Jornal de Notícias», no «Jornal de Viagens», no «Zé Povinho», na «Revista
das Escolas», etc.
Foi notável orador de temas sagrados;
ganhou imensa fama o sermão «A Cruz», por ele composto e pregado em Matosinhos
a 7 de Maio de 1899.
Traduziu
para a língua portuguesa vários romances franceses, tais como «Vénus Geradora»,
«Ruth» e «Amor de Outono».
Como escritor deixou-nos «Tragédia de Lisboa – A Política Portuguesa»,
livro com 322 páginas, escrito logo depois do regicídio de 1 de Fevereiro de 1908,
e muito apreciado pelos leitores daquele tempo. Cada brochura custava
seiscentos réis (o seu envio pelo correio onerava a
obra em trinta réis). O livro encadernado, em capas
especiais, vendia-se a oitocentos réis (pelo
correio custava mais cinquenta réis).
Exerceu funções de Chefe de Gabinete do
Dr. Alfredo de Magalhães, ministro nos dois governos do Presidente Sidónio
Pais, em 1917 e 1918.
Devido ao seu grande prestígio foi nomeado
sócio ordinário da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Fundou, por volta de 1915, e dirigiu, como
seu diretor, em Leça da Palmeira, o «Colégio
da Beira-Mar».
Embora solteiro, por ser padre católico,
deixou geração ilegítima. Quando o bebé nasceu, a quem deram o nome de António,
o pai da criança já era sacerdote. Esse rapaz, que ficou conhecido familiarmente
por “Toi”, usou o nome de António Rodrigues Passos, estudou, tendo conseguido
concluir o Curso de Engenharia. Morreu em Luanda, Angola, por volta de 1975.
Fora criado por uma irmã de seu pai, talvez Ludovina Augusta de Vasconcelos
Mourão Passos, nascida na Vila de Melgaço a 13 de Outubro de 1889, professora (tirou o curso na Escola Normal do Porto), a qual residiu e lecionou na Parede, perto de Lisboa,
mãe solteira. Esta senhora faleceu na freguesia do Campo Grande, Lisboa, a 15
de Janeiro de 1965. / O engenheiro António Rodrigues Passos exerceu a sua
atividade em Goa, em Moçambique, em São Tomé e Príncipe, e finalmente em
Angola, onde morreu, com cerca de 70 anos de idade, no estado de solteiro. Segundo me
informou um seu parente pela parte paterna, que o conheceu em África, o engenheiro
Passos era anti-salazarista e por essa razão foi perseguido pelo regime
corporativista. A mesma fonte informou-me de que ele era muito estudioso, possuindo
uma excelente biblioteca.
O padre Aníbal Bernardo faleceu no Campo
Grande, Lisboa, a 8 de Janeiro de 1934, e seus restos mortais jazem no
cemitério do Lumiar. / Um dia, há muitos anos, estive junto à sua campa. Mesmo
não o tendo conhecido, fiquei algo emocionado – era um melgacense que ali
estava sepultado.
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