OS NOVOS LUSÍADAS
Introdução
Introdução
Certo dia, como se fora um qualquer
lunático, passou-me pela cabeça continuar «Os Lusíadas» escritos por Luís de
Camões. Se ele, em circunstâncias assaz difíceis, sem a preciosa ajuda dos
computadores, conseguiu levar a cabo aquela imensa obra, aquele monumento
literário, aquele alforge de saber e imaginação, também eu, ser humano como
ele, poderia construir algo parecido. Acontece que génios como Camões só surgem
no planeta de cem em cem mil anos; logo, teremos muito que esperar. Os seus
vastos conhecimentos, a sua capacidade de apreender tudo aquilo que o rodeava,
as suas leituras, a sua vivência, a sua escrita empolgante, são irrepetíveis.
Apesar de saber tudo isso, vou dar início a esse louco empreendimento, sabendo
de antemão que vai ser obra pequena, defeituosa, inacabada. A vida é assim, não
se pode parar. Amália Rodrigues no fado, Zeca Afonso na canção interventiva, Travassos e Eusébio no futebol, Livramento
nos patins, Joaquim Agostinho no ciclismo, Carlos Lopes e Rosa Mota no
atletismo, etc., foram figuras cimeiras na sua arte. No entanto, outros artistas
foram bons, ou aceitáveis, sem contudo atingir a perfeição dessas estrelas.
«Parar é morrer», já diziam os nossos antepassados. Por isso, mãos à obra. A história
de Portugal é riquíssima, há muita matéria-prima a explorar. Quem sabe se esta
ousada iniciativa não irá estimular alguém com mais talento do que eu. Aguardemos.
Primeira Parte
1
Cantemos novamente os portugueses,
Ilustremos os seus feitos grandiosos,
Sem os defeitos que quantas vezes
Surgem aos olhos de outrem odiosos;
Não tomemos como exemplo ingleses,
Nem tão pouco outra raça d’orgulhosos;
Limitemo-nos a ser, sem estar sós,
Não renegando jamais nossos avós.
2
Marchemos, solidários, com o mundo,
Ergamos bem alto o nosso estandarte,
Digamos de onde o luso é oriundo,
De que foi feito, e com que arte;
Sem acordarmos Jeová furibundo,
O Destino, ou o temível Marte.
Que a glória está em ser, nada mais,
Tudo o resto são imagens virtuais.
Bem pensado! gostei!
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