quinta-feira, 28 de maio de 2015

POEMAS AO VENTO

Por Joaquim A. Rocha

desenho de Rui Nunes

ADOLESCENTE


Quando eu era adolescente
altamente enamorado,
buscava no bosque encantado
uma certa luz reluzente
que na noite, de repente,
 brilhava, brilhava, brilhava…
nunca mais a luz se apagava!
Era a gata borralheira,
que logo pela vez primeira,
trapo estrela experimentava.
Casei com ela, e depois,
nasceram os antónios e joões,
as sofias e gabrielas;
agora já não sei qual delas
amo mais… e me reparto
em carinho, bofetões,
em meiguices, supetões,
à espera de outro parto.
Por este andar já não sei
se fiz certo ou errei
ter-me casado com ela.
O tempo, esse maroto,
que me viu, quando garoto,
apaixonado e atrevido
vê-me agora inibido,
perdido e amargurado,
solteiro, estando casado,
sozinho e acompanhado,
desejando fugir para longe,
deixar o mundo, qual monge,
dedicar-me à oração;
de gente, tornar-me cão
e de cão ave de rapina;
depois raposa ladina,
 árvore de porte distinto,
de branco tornar-me tinto,
 cor que não haja no mundo;
viver como vagabundo
na terra de meus avós,
percorrendo o infinito,
sem sair de ao pé de vós,
vestido de lenda e mito!

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