PADRES POLÍTICOS EM MELGAÇO
Tal como há médicos escritores, padres e frades cantores, também houve e há em todo o lado sacerdotes políticos. Até os papas são chefes de Estado; um deles, de origem polaca, salvo erro, gravou, há uns anos atrás, um disco! Quanto a mim, não é por aí que vem o mal ao mundo. E outra coisa: até à década de sessenta do século XX havia em Melgaço presbíteros a mais: cada freguesia tinha dois ou três. Depois, com a extraordinária emigração, foram rareando, e hoje, 2015, há um pároco para três freguesias!
I
DOMINGUES, Manuel José (Padre). Filho de João Manuel
Domingues e de Maria Rodrigues, ela de Várzea Travessa e ele de Covelo, onde
moravam. Neto paterno de Manuel Luís Domingues e de Ana Afonso; neto materno de
José Bernardo Rodrigues e de Maria Domingues. Nasceu em Castro Laboreiro a 29/1/1875 e foi batizado
no dia seguinte. Padrinhos: José Domingues e sua mulher, Rosa Rodrigues. // Foi
pároco de Lordelo, Cubalhão, Gondar (Cerveira), e de Remoães. Na Vila de Melgaço
esteve de 25/6/1903 até finais de 1917 (*) Foi-lhe concedida a pensão
eclesiástica anual de 300$000 réis (ver
Correio de Melgaço n.º 85, de 1/2/1914, e Jornal de Melgaço n.º 1020, de
5/2/1914). //
Em 1908 acompanhou José Leite de Vasconcelos a Castro Laboreiro, a fim do
grande investigador tomar «algumas notas
etnográficas e dialectológicas…» Iam montados em mulas, conduzidas por «duas robustas mocetonas». Seguiram por
Fiães. // Nesse ano de 1908 foi vogal substituto da Comissão Administrativa Municipal
de Melgaço. // Embora de ideologia monárquico-liberal, aderiu à república em
1910. // Era uma pessoa dinâmica: fundou a Associação Artística Melgacense «pela qual muito se bateu, e que outros não
saberiam aguentar.» Fundou, com outros, um Externato, em que alguns alunos
foram preparados para os exames dos primeiros anos do Curso Geral dos Liceus.
// Em 1913, na festa da Ascenção de Jesus, realizada na Orada, SMP, provocou
uma desordem (ver Correio de Melgaço n.º 48, de
4/5/1913). // Chegou
a fazer parte da Comissão Camarária (Jornal
de Melgaço n.º 1237, de 9/3/1919). // Lê-se no dito Jornal de Melgaço, n.º 1256, de
27/7/1919: «a expensas de alguns devotos,
celebra missa na capela da Senhora da Orada, aos domingos e dias santificados,
o nosso amigo reverendo abade Manuel José Domingues que, de Sua Excelentíssima
Reverendíssima, novamente obteve ordem para celebrar.» // Por razões
políticas (e talvez religiosas – veja-se o
conflito com o padre Francisco António Gonçalves, pároco de Prado) deixou de exercer o sacerdócio e
tornou-se aspirante de Finanças. No Notícias de Melgaço n.º 68, de 13/7/1930,
lê-se: «para efeitos da redução do quadro
do funcionalismo da Direcção Geral das Contribuições e Impostos foi transferido
para o concelho de Monção (…) o padre Manuel José Domingues, aspirante de
Finanças». // Foi publicado no Diário do Governo a sua aposentação
voluntária (Notícias de Melgaço n.º 201, de
16/7/1933). // Os
seus escritos no Notícias de Melgaço davam sempre que falar. Por exemplo:
quando morre Maria Angélica Esteves. Ver também “Um general em Melgaço» (Notícias de Melgaço n.º 162, de 28/8/1932). // Faleceu na Orada, SMP, a 1/3/1952, realizando-se o
funeral no dia 3 do dito mês e ano. // Era tio do professor (e antigo presidente da Câmara) Abílio Domingues, entre outros.
/// (*) No Jornal de
Melgaço n.º 1255, de 20/7/1919, página 2, diz-se que ele era, nessa altura,
abade da Vila de Melgaço!
Acho muito interessante a história desse senhor padre, vi sua foto em Penso.
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