AQUELA CASA
Aquela
casa: velha, seca, fria, distante... Isolada na serra desdentada, como rocha
ali nascida! As suas telhas, outrora olhando a paisagem com sobranceria, dormem, agora, naquele chão
lamacento. Algumas, as mais resistentes, ainda restam; porém, mutiladas, como
soldados após a grande guerra.
Aquela casa! Da sua chaminé, agora
lúgubre, moribunda, tinham saído carradas de fumo, lembrando uma fábrica a
laborar vinte e quatro horas por dia.
Aquela casa! Vazia, despida daquele
conforto humano que a caraterizava, lembra o túmulo do viandante que pereceu na
sua vitalícia viagem e foi sepultado ali, na montanha!
Junto à sua campa irreal, humilde, improvisada,
pequeno morro de terra, vê-se uma estranha cruz de metal, tombada, cheia de
ferrugem, e uma grosseira tábua de madeira, onde se lê com dificuldade: «Aqui jaz um desconhecido.»
Na parede dessa casa, ora abandonada, vou
escrever: «Aqui jaz a minha casa!»
Sr. Joaquim, que lindo!
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