OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de «Os Lusíadas», de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Rui Nunes |
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Escorbuto,
malária, mil doenças,
Atingem
nossos nautas ferozmente…
Rezam-se
missas, reforçam-se crenças,
Mas
cada dia falece mais gente...
Os
que restam já sonham gordas tenças.
O
rei, no seu trono, está contente...
E
antes que a parca a todos mate
Tocam-se
os grandes sinos a rebate.
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Perderam-se
as naus, muitas caravelas,
Os
marinheiros que as pilotavam;
Por
sua alma queimam-se tantas velas!
Choram-se
as pessoas que se amavam...
Crentes
oram nas igrejas… capelas,
Viúvas
de dor e raiva gritavam.
O
astro-luz do ar desaparece…
O
povo lança-se ao chão numa prece.
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E
assim o bei ganhou eterna fama
À
custa dessas vidas por cumprir;
Morreram
no alto mar, longe da cama,
Em
sofrimento atroz… a rugir.
E
quantos tombaram na suja lama,
Para
o anjo da morte bem nutrir.
Os
deuses assistiram à matança,
Mas
ficaram na casa em segurança.
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