POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
Quero fazer-te um poema:
o mais lindo, o melhor;
não importa qual o tema,
não int’ressa seu rigor.
Mas não sei se saberei!
Humildemente o confesso.
Mil folhas já rascunhei,
um milhão já eu rasguei,
e até dinheiro já peço!
Tentativas, faço mil…
Outras tantas são fracasso;
como o talento é vil…
foi todo para Picasso!
O que eu vou fazer?
Desistir de tal ideia?
Antes prefiro morrer,
ou ir parar à cadeia!
Nem que esteja um ano a fio
a tentar tal proeza,
hei-de acender o pavio,
manter sempre a vela
acesa.
E mesmo que os outros digam
que não o conseguirei…
Digam o que quer que digam
jamais eu desistirei!
Hei-de fazer-te um poema
onde as rosas apareçam,
e os cravos floresçam,
para que algo valha a pena.
Hei-de falar-te de amor,
entre os homens, entre as aves;
não vou falar-te de dor,
dessas coisas já tu sabes!
Quero fazer-te um poema
onde os espinhos se omitam;
e no qual surja este lema:
«a vida é bela –
persistam!»
Vou falar-te de canções,
daquelas de antigamente;
que derretem corações,
fazem dormir toda a gente.
Vou falar-te de avezinhas
construindo os seus ninhos;
vou falar-te de avozinhas
embalando os netinhos.
Vou falar-te das estrelas,
espalhadas pelos céus;
tão fulgurantes, tão belas,
parecendo os olhos teus!
Vou falar-te de tudo isso
e falar-te de muito mais;
e se algo quedar omisso,
serão por certo meus ais!
6/8/1979
O tio fez esse poema para mim!Lembra-se?
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