quinta-feira, 1 de setembro de 2016

POEMAS DO VENTO

Por Joaquim A. Rocha




Quero fazer-te um poema:

o mais lindo, o melhor;

não importa qual o tema,

não int’ressa seu rigor.

 

Mas não sei se saberei!

Humildemente o confesso.

Mil folhas já rascunhei,

um milhão já eu rasguei,

e até dinheiro já peço!

 

Tentativas, faço mil…

Outras tantas são fracasso;

como o talento é vil…

foi todo para Picasso!

 

O que eu vou fazer?

Desistir de tal ideia?

Antes prefiro morrer,

ou ir parar à cadeia!

 

Nem que esteja um ano a fio

a tentar tal proeza,

hei-de acender o pavio,

 manter sempre a vela acesa.

 

E mesmo que os outros digam

que não o conseguirei…

Digam o que quer que digam

jamais eu desistirei!

 

Hei-de fazer-te um poema

onde as rosas apareçam,

e os cravos floresçam,

para que algo valha a pena.

 

Hei-de falar-te de amor,

entre os homens, entre as aves;

não vou falar-te de dor,

dessas coisas já tu sabes!

 

Quero fazer-te um poema

onde os espinhos se omitam;

e no qual surja este lema:

«a vida é bela – persistam

 

Vou falar-te de canções,

daquelas de antigamente;

que derretem corações,

fazem dormir toda a gente.

 

Vou falar-te de avezinhas

construindo os seus ninhos;

vou falar-te de avozinhas

embalando os netinhos.

 

Vou falar-te das estrelas,

espalhadas pelos céus;

tão fulgurantes, tão belas,

parecendo os olhos teus!

 

Vou falar-te de tudo isso

e falar-te de muito mais;

e se algo quedar omisso,

serão por certo meus ais!

 

6/8/1979



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