terça-feira, 13 de outubro de 2015

Havemos de ir a Viana

Entre sombras misteriosas,
em rompendo ao longe estrelas,
trocaremos nossas rosas,
para depois esquecê-las.

Se o meu sangue não me engana,
como engana a fantasia,
havemos de ir a Viana,
ó meu amor de algum dia.

Ó meu amor de algum dia,
havemos de ir a Viana,
se o meu sangue não me engana,
havemos de ir a Viana.

Partamos de flor ao peito,
que o amor é como o vento;
quem para perde-lhe o jeito,
e morre a todo o momento.

Se o meu sangue não me engana,
como engana a fantasia,
havemos de ir a Viana,
ó meu amor de algum dia.

Ó meu amor de algum dia,
havemos de ir a Viana,
se o meu sangue não me engana,
havemos de ir a Viana.

Ciganos, verdes ciganos,
deixai-me com esta crença;
os pecados têm cem anos,
os remorsos têm oitenta!


Pedro Homem de Melo



Caramuru 

     Quando eu andava por Viana do Castelo, nas minhas investigações no Arquivo Distrital, numa das praças principais da cidade vi uma estátua em bronze, representando um homem, alto, forte, e uma mulher jovem e bonita. Curioso como sou, li o que ali se escrevera, indaguei, colhi mais elementos sobre essas duas figuras enigmáticas. Vim a saber que se tratava de Diogo Álvares Correia, nascido em Viana por volta de 1475, o qual, ainda novo, embarcara para o Brasil, tendo o barco onde seguia naufragado já em terras brasileiras. Alguns dos que seguiam a bordo provavelmente morreram, mas ele não; salvou-se graças a uns índios. Gostaram tanto dele que acabou por casar com uma moça da tribo, a qual, anos depois, numa visita que ambos fizeram a França, paga por comerciantes de madeira, franceses, foi nesse país batizada na igreja católica e recebeu o nome de Catarina. Ele era conhecido entre os índios por “Caramuru”. Ajudou imenso os primeiros colonos e missionários, e até o rei de Portugal, D. João III, através de uma carta, lhe pediu essa colaboração. Faleceu em Tatuapara, Salvador, Baía, a 5 de Outubro de 1557, com 82 anos de idade. Segundo consta, deixou muitos filhos.     


Sem comentários:

Enviar um comentário