Havemos de ir a Viana
Entre sombras
misteriosas,
em rompendo ao
longe estrelas,
trocaremos nossas
rosas,
para depois
esquecê-las.
Se o meu sangue
não me engana,
como engana a
fantasia,
havemos de ir a
Viana,
ó meu amor de
algum dia.
Ó meu amor de
algum dia,
havemos de ir a
Viana,
se o meu sangue
não me engana,
havemos de ir a
Viana.
Partamos de flor
ao peito,
que o amor é como
o vento;
quem para
perde-lhe o jeito,
e morre
a todo o momento.
Se o meu
sangue não me engana,
como
engana a fantasia,
havemos
de ir a Viana,
ó meu
amor de algum dia.
Ó meu
amor de algum dia,
havemos
de ir a Viana,
se o meu
sangue não me engana,
havemos
de ir a Viana.
Ciganos,
verdes ciganos,
deixai-me
com esta crença;
os
pecados têm cem anos,
os
remorsos têm oitenta!
Pedro Homem de Melo
Caramuru
Quando
eu andava por Viana do Castelo, nas minhas investigações no Arquivo Distrital,
numa das praças principais da cidade vi uma estátua em bronze, representando um
homem, alto, forte, e uma mulher jovem e bonita. Curioso como sou, li o que ali
se escrevera, indaguei, colhi mais elementos sobre essas duas figuras
enigmáticas. Vim a saber que se tratava de Diogo Álvares Correia, nascido em
Viana por volta de 1475, o qual, ainda novo, embarcara para o Brasil, tendo o
barco onde seguia naufragado já em terras brasileiras. Alguns dos que seguiam a
bordo provavelmente morreram, mas ele não; salvou-se graças a uns índios.
Gostaram tanto dele que acabou por casar com uma moça da tribo, a qual, anos
depois, numa visita que ambos fizeram a França, paga por comerciantes de
madeira, franceses, foi nesse país batizada na igreja católica e recebeu o nome
de Catarina. Ele era conhecido entre os índios por “Caramuru”. Ajudou imenso os
primeiros colonos e missionários, e até o rei de Portugal, D. João III, através
de uma carta, lhe pediu essa colaboração. Faleceu em Tatuapara, Salvador, Baía,
a 5 de Outubro de 1557, com 82 anos de idade. Segundo consta, deixou muitos
filhos.
Sem comentários:
Enviar um comentário