OS NOVOS LUSÍADAS
Por Joaquim A. Rocha
1.ª Parte
21
Gigantesco
Brasil, terra ubérrima,
Donde
mana toda a fertilidade;
Trepidante,
mais doce do que acérrima,
Terra da florescente cristandade.
Gente
suave, mais do que aspérrima,
Melhorando
com o tempo, a idade.
Ai
quem me dera cantar-te em verso,
A
ti, que és maior do que o universo.
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Esqueçamos
o alegre Brasil,
Percorramos
cem terras, novos mundos,
Vamos
à caça da pimenta e anil,
Doutros
sonhos mais nobres e fecundos.
Comprar
bugigangas por um ceitil,
Enfrentar
aqueles rostos iracundos.
Mostrar-lhes
que a nação portuguesa
É
tenaz em guerra, meiga na justeza.
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No
tempo do rei Dom João terceiro,
Os
lusos foram à Nova Guiné,
Queriam
conhecer o mundo inteiro,
Imbuídos
de garra e muita fé…
Buscavam
a fama, algum dinheiro,
Pimenta,
canela, o bom café.
Na
mão transportavam a dura cruz
Os
arautos do sonhador Jesus.
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Atingiram as costas do Japão,
Conquistaram
as ilhas Molucas…
Celebes,
Sonda, são de Dom João,
As
ondas do mar tornam-se eunucas.
Misturam
realidade e ficção,
Como
o evangelho de São Lucas.
Ai
quem nos dera a nós lá estar
Para
ver na praia o barco zarpar.
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Cada
viagem é uma aventura,
Cada
naufrágio uma desgraça;
Navegam
entre coragem… loucura,
Entre
o grave-sério e a chalaça.
Morrem
de fome, sede, de secura,
Na
conquista de Quíloa e Mombaça.
E
para prolongar a imensa dor
Combatem
por Cochim e Cananor.
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