DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
AFOGAMENTOS
A água é essencial à vida, mas por vezes esquece-se do seu papel e mata. Não o faz por vingança, ou por qualquer outro motivo, mas sim por passividade. Os oceanos, mares, rios, regatos, etc., não pedem a ninguém para ali acabarem seus dias; são os seres vivos que se servem da água como se fosse uma poderosa arma de extermínio. As grandes batalhas marítimas, a pirataria, os chamados descobrimentos, serviram-se dela para no seu seio sepultarem milhares e milhares de corpos. Segundo algumas religiões, o corpo desses infelizes vai para o inferno, a fim de servirem o senhor dos subterrâneos. A mitologia é rica neste tema. A morte sempre suscitou curiosidade aos humanos. Depois dela para onde se vai. Eu, por graça, digo: vão para o cemitério. É óbvio que aqueles que deixam obra de vulto serão lembrados pelos séculos fora; os outros serão esquecidos, apenas um simples papel no Arquivo Distrital prova que eles nasceram e morreram.
// GAMA, Luís Manuel. Filho de
Maria Joaquina de Sousa Gama, solteira, lavradora, residente na Charneca, e de
Manuel Caetano Ferreira Domingues, viúvo. Neto paterno de Manuel Luís Domingues
e de Vicência Rosa Ferreira; neto materno de Francisca de Puga. Nasceu em
Alvaredo a 2/4/1863 e foi batizado na igreja a 12 desse mês e ano. Padrinhos:
Luís Manuel Alves Sanches e Maria do Patrocínio Domingues de Freitas, casados,
lavradores, de Bouças. // Morou no lugar do Maninho. // Morreu afogado no rio Minho, no sítio das Bouças,
a 29/6/1893, no estado de solteiro, sem testamento, sem geração, e nesse
dia foi sepultado na igreja paroquial.
// RAMOS,
Gregório Ventura. Filho de António Joaquim Alves Ramos e de Ana Luísa Gomes
Exposta, moradores no lugar de Soengas, freguesia de Chaviães. Neto paterno de
Caetana Rosa, do dito lugar. Nasceu em Chaviães a 13/4/1852 e foi batizado na
igreja pelo padre JLBC no dia seguinte. Padrinhos: o padre Gregório Ventura
Gomes e sua irmã, Maria Rosa Gomes, solteira, do lugar da Igreja, Chaviães. //
Lavrador. // Casou na igreja da sua freguesia natal a 2/6/1879 com Maria
Joaquina Pinto, de vinte e dois anos de idade, solteira, sua conterrânea,
moradora no lugar de Cotos, filha de José Narciso Pinto e de Teresa Joaquina
Alves. Testemunhas: Manuel António Pinto e Cândida Maria Alves, solteiros,
lavradores, chavianenses. // Morreu afogado no rio
Minho, a 12/6/1899, entre as seis e sete horas da manhã, no sítio da pesqueira
do Conle, limites da freguesia de Chaviães, «na ocasião de ir em um batel para redar uma outra pesqueira, chamada o
“Brandeiro”»; morava no lugar dos Cotos; não fizera testamento, e
depois de autopsiado o seu cadáver foi sepultado ao anoitecer do dia 18 desse
mês e ano no adro da igreja. // Com geração.
// DOMINGUES,
Joaquina Rosa. Filha de Manuel António Domingues e de Rosa Maria de Castro,
moradores no lugar de Carvalha Furada. Neta paterna de Diogo Manuel Domingues e
de Maria de Castro, do dito lugar; neta materna de Manuel Caetano de Castro e
de Maria Gertrudes Lourenço, de Barreiros. Nasceu em São Paio a 15/2/1846 e foi
batizada a 19 desse mês e ano. Padrinhos: Joaquim Domingues e sua mulher,
Antónia Maria de Castro, do lugar do Regueiro. // Camponesa. // Casou a
7/3/1883 com Manuel José Soares, de 38 anos de idade, solteiro, lavrador, filho
de Francisco José Soares e de Maria Luísa Marques, moradores que foram no lugar
de Cavaleiro Alvo. // Faleceu a 10/8/1901, às sete horas da tarde, no lugar de
Cavaleiro Alvo, sem quaisquer sacramentos, devido a ter morte por afogamento,
no estado de casada, sem testamento, com filhos, e foi sepultada no adro da
igreja.
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