segunda-feira, 25 de março de 2019

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha





                                                                 ZARAGATAS


     Costumamos ouvir dizer, na rua ou nos Cafés, que o povo português é pacífico. Eu não acredito. Desde o início da nacionalidade que se guerreia, que se mata. O partido de Afonso Henriques andou à tareia com o partido de sua mãe, D. Teresa, depois Afonso, desejando ser rei, andou à porrada com os seus parentes castelhanos, enfim, houve lutas, guerras civis, guerras internacionais, tudo. Quando a guerra não era nossa, caso da guerra civil de Espanha e segunda guerra mundial, lá andaram portugueses, ao lado de Franco e de Hitler, ou contra eles. A luta, o sangue, a violência, faz parte da espécie humana. O ser humano inventou as religiões, os deuses, a fim de suavizar o nosso ímpeto guerreiro, mas até agora nada se conseguiu de concreto. A ambição, os ciúmes, a inveja, a raiva, e tudo mais, é motivo para encetar uma mini guerra, a qual vai crescendo exponencialmente. Somos filhos da natureza, e tal como ela ora estamos calmos, ora agimos como selvagens.  


(1914) - SOUSA, António Joaquim. Nasceu na Vila de Melgaço a --/--/18--. // Sapateiro. // A 15/1/1914 foi à festa de Santo Amaro, realizada na freguesia de Prado; ao terminar a romaria, quando a Filarmónica Nova, regida por Rafael Paulo Fernandes, vinha saindo do arraial, tocando um ordinário, originou-se uma desordem, tendo sido agredido este António Joaquim, que vinha acompanhando a dita filarmónica, com bengaladas dadas por Manuel Joaquim Barreiros, solteiro, lavrador, natural de Prado; o agredido pegou numa pedra e atirou-a à cabeça do agressor, causando-lhe um ferimento na cabeça «fazendo-lhe jorrar sangue em abundância.» «Depois, prisões, socos, revólveres em cena, o diabo, terminando por António Joaquim de Sousa ter dado entrada na cadeia e o Barreiros ter-se ido curar a uma farmácia; dizem que, a causa desta desordem são rixas velhas entre rapazes da Vila e da freguesia de Prado» (Correio de Melgaço n.º 83, de 18/1/1914).
 



(1915) - ESTEVES, Vitorino José. Filho de Manuel Joaquim Esteves e de Maria Rita Fernandes, residentes no lugar do Senhor do Socorro. Neto paterno de António José Esteves e de Maria Rosa Esteves, do lugar do Val; neto materno de Manuel Inácio Fernandes e de Marta Rosa Domingues. Nasceu em Chaviães a 15/3/1858 e foi batizado pelo padre JLBC a 21 desse mês e ano. Padrinhos: Sebastião Diogo Esteves e sua filha, Maria Joaquina Esteves, do lugar de Quintas, Chaviães. // Escreveu o correspondente em Chaviães do “Correio de Melgaço”: «São deveras censuráveis e repugnantes uns factos que aqui se têm dado com Vitorino Esteves (o Marta), já idoso e cujas faculdades mentais deixam muito a desejar. Este infeliz teve a desgraça de cair no desagrado da família armador, cujo filho mais velho, muito valiente com… os velhos e parvos, não satisfeito com as zurzidelas que por vezes lhe tem aplicado, o atirou, no dia 19/7/1915, a uma poça com água, onde o infeliz não ficou, mas donde saiu, dizem-nos, todo ensopado e ferido numa mão e no joelho. E o valiente achou o feito tão nobre que veio relatá-lo para o lugar de Barraço, próximo do local onde o facto se deu» (Correio de Melgaço n.º 158, de 25/7/1915). // Faleceu no sobredito lugar do Socorro a --/--/1916, com cinquenta e oito anos de idade (CM 226, de 26/11/1916). 
 
 

 

(1915). // Na festa da Senhora dos Remédios, realizada em Sante a 15/8/1915, houve pancadaria; um dos feridos foi Manuel José Soares, conhecido por o “Cerdeira”, de Cavaleiro Alvo, o qual teve de ir fazer tratamento ao hospital da Vila. Outro dos atingidos foi Joaquim Garelha, do lugar de Pomares, freguesia de Paderne, tendo um dos contendores cortado uma das suas orelhas a meio, parecendo ter o desgraçado três orelhas (Correio de Melgaço n.º 162, de 22/8/1915).   

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