segunda-feira, 11 de março de 2019

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha





CRIMES
 
 
     Um filósofo espanhol, Ortega & Gasset, escreveu um dia que o homem (ser humano) é a sua circunstância. Isto é, pode ser a melhor pessoa do mundo, mas em certos momentos da sua vida transforma-se num monstro, num predador. Quase todos nós já assistimos a atos de violência praticados por indivíduos aparentemente pacíficos. A medicina diz-nos que o culpado é o sistema nervoso, difícil de controlar. A política, o desporto, etc., dão azo por vezes a discussões que acabam em pancadaria, cujas consequências podem ser gravíssimas. Depois surge o arrependimento, a expiação, mas os males causados são imensos, e os mortos não se podem ressuscitar.  


(1915) - RODRIGUES, Artur Cândido. Filho de João Domingos Rodrigues, proprietário, e de Ana Rosa Maceira, doméstica, moradores na Portela de Chaviães. Neto paterno de Manuel José Rodrigues e de Maria Joaquina Domingues; neto materno de Diogo Maria Maceira e de Rosa Prieta Pinto. Nasceu em Chaviães a 26/1/1881 e foi batizado pelo padre Bernardo António Rodrigues Passos a 20 de Fevereiro desse ano. Padrinhos: José Cândido Gomes de Abreu e Ana Joaquina Vasques, solteiros, da Vila. // Em 1913 chegou a sua casa da Portela de Chaviães vindo de Pará, Brasil; era auxiliar de comércio nessa cidade brasileira. // Em 1914 contratou casamento com Adelaide Augusta, filha de Joaquim José da Cunha e de Filomena Rita da Cunha, proprietários, moradores no lugar de Fonte, Chaviães (Correio de Melgaço n.º 90, de 8/3/1914); casaram alguns dias depois (Correio de Melgaço n.º 95, de 12/4/1914). // Respondeu em tribunal a uma sexta-feira, 30/7/1915, pelo crime de homicídio frustrado; a sua defesa esteve a cargo do jovem advogado, Dr. António Augusto Durães, conseguindo que o réu fosse absolvido (Correio de Melgaço n.º 159, de 1/8/1915). // Regressou à praça de Pará, a fim de prosseguir na vida comercial, que abandonara por algum tempo (Correio de Melgaço n.º 171, de 24/10/1915). // Em 1920 foi citado pelo Juízo de Direito da comarca de Melgaço a fim de assistir a todos os termos do inventário orfanológico a que se procedia por óbito de sua sogra (Jornal de Melgaço n.º 1312, de 21/11/1920).  




 
(1916) - TORRES, Clara. Filha de António Vaz Torres e de Rosa Soares de Castro, lavradores, residentes na Sobreira. Neta paterna de Francisco Vaz Torres e de Josefa Freijones, de esse lugar; neta materna de Manuel José Soares de Castro e de Antónia Pires, do lugar do Maninho. Nasceu a 13/4/1876 e foi batizada a 17 desse mês e ano. Padrinhos: Manuel Domingues Caldas e Clara Domingues Caldas, solteiros, lavradores, do lugar da Sobreira. // Casou na igreja de Alvaredo a 23/4/1895 com o seu parente no 2.º grau de consanguinidade, Manuel José, de 32 anos de idade, solteiro, morador no lugar da Granja, filho de José Luís Soares (de Castro) e de Ludovina Alves, rurais. // [Em Janeiro de 1916 passou por uma grande vergonha. O correspondente do Correio de Melgaço conta-nos: «No sábado passado fomos surpreendidos pela negra nova de que uma criança recém-nascida aparecera – parece que estrangulada – à beira Minho. Comoveu-nos tanto o fúnebre achado que nem o noticiamos na última correspondência.» // Era uma menina; estava enterrada na areia «colocada ali talvez para que a corrente quando mais volumosa a arrastasse consigo.» // Parece que a criança nascera com vida, não havendo, contudo, indícios de violência. Foram analisadas pelas autoridades médicas: Clara Vaz Torres, da Sobreira, e Maria Domingues Gama, do lugar de Esteves «não sendo encontrado pelos médicos algum indício de terem elas dado à luz.» // Suspeitava-se de uma rapariga de Britelo, Cousso, vista próximo do rio no dia anterior ao aparecimento do cadáver.] // Apesar de se ter provado a inocência de Clara Torres, da suspeita ninguém a livrou. Ainda um mês não passara, já tinham capturado a mãe assassina: a tal rapariga de Cousso; fugira para a Galiza quando soube que queriam submetê-la a exames. Não lhe valeu de nada a fuga. // Clara Vaz Torres faleceu na freguesia de Penso a 5/2/1954. // Mãe de José Soares de Castro, nascido na freguesia de Alvaredo a 4/10/1900. 



(1916) - REGO, Joaquim. // Nasceu no lugar de Lordelo, freguesia de Cabreiro, concelho dos Arcos de Valdevez. // Foi preso em Lamas de Mouro, Melgaço, em 1916, por crime de assassinato e levado para a cadeia da Vila de Melgaço. Depois de interrogado, confessou ser o autor do crime. // Era casado, lavrador (ver Correio de Melgaço n.º 192, de 26/3/1916).

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