domingo, 17 de março de 2019

MELGAÇO: Padres, Monges e Frades
 
Por Joaquim A. Rocha




capela da Senhora da Pastoriza


COISAS DA HISTÓRIA

As Nossas Paróquias

 

     A origem das nossas paróquias remonta aos primeiros séculos do cristianismo. No século IV principiaram a germinar as primeiras paróquias, organizadas pela pregação evangélica, cuja ação evangelizadora se estendia até às povoações rurais. No concílio de Lugo, convocado no ano de 569, foram atribuídas ao arcebispado de Braga aproximadamente trinta paróquias. A invasão muçulmana veio no século VIII interromper esta organização católica e social, concentrando a vida da época dentro de curtos limites; o amor da independência e a crença religiosa, duas molas sobre as quais girava a sociedade constituída pelos sucessos de Pelágio, primeira [sede] da reconquista peninsular. As lutas então travadas pelos cristãos que haviam escapado à destruição do império gótico nas Espanhas fizeram dividir o solo reconquistado em pequenos senhorios, defendidos pelo castelo (ou casa forte) a par do qual era edificada uma igreja ou um mosteiro. A crença religiosa, não menos do que o amor da independência, influiu na organização das nossas paróquias, estendendo a sua ação desde a pequena igreja de Covadonga até à ampla igreja estilo renascença, edificada no último quartel do século XVIII. Algumas devem a sua origem à fundação de mosteiros, assim como as freguesias de Fiães e Paderne, deste concelho (*), enquanto outras trazem a sua origem de simples capelas ou oratórios. Estas capelas, ou oratórios, umas eram curatos de mosteiros, e pelo qual eram sujeitas ao clero regular; outras eram sujeitas às igrejas de primeira categoria, que recebiam os rendimentos, fazendo-se substituir por um cura, ou vigário, a quem davam uma parca remuneração. Nesta situação, encontramos, a partir do século XIII, uma grande parte das freguesias que hoje fazem parte do concelho de Melgaço; entre elas a freguesia de Alvaredo, Cousso, Cubalhão, Gave, Parada do Monte, Prado e Remoães, freguesias que no século XIII e seguintes viveram escravizadas, ou anexas, às igrejas de primeira categoria. Assim, Alvaredo, curato anual do mosteiro de São Fins, onde o cura, com o título de vigário, tinha para sua sustentação oito mil réis de côngrua e o pé d’altar, rendendo para os religiosos do mosteiro cento e vinte mil réis! Cousso, simples curato do mosteiro do Salvador de Paderne, com um cura anual, que recebia seis mil réis em dinheiro, pagos pelo prior do mosteiro, e dois mil réis da comenda de São Pedro de Riba do Mouro, por este lhe curar um lugar da sua freguesia, que hoje pertence à freguesia de Cousso. Cubalhão também era um curato do mesmo mosteiro, cujo cura anual tinha como sua remuneração as benesses da igreja, enquanto os religiosos tinham para si os dízimos. Gave, freguesia anexa a Riba de Mouro, tendo o cura como remuneração as benesses da igreja, e cinco mil réis em dinheiro, pagos pelo reitor de Riba do Mouro, ficando os dízimos para a comenda desta freguesia. Parada do Monte, também uma filial da igreja de Riba de Mouro, onde o cura, com o título de vigário, recebia cinco mil réis e o pé d’altar para sua sustentação, pagos pelo reitor de Riba de Mouro, ficando este com os restantes rendimentos. Prado e Remoães, duas freguesias também anexas ou subalternas à igreja de São Paio, onde os seus curas, com o título de vigários, tinham como remuneração do seu trabalho oito mil réis de côngrua e o pé d’altar. Quanto aos restantes rendimentos, eram divididos em quatro partes, sendo uma para o abade de São Paio, outra – chamada renda do castelo, ou da Casa de Bragança – ficando as duas restantes para a Mesa Arquiepiscopal. As freguesias assim constituídas viviam, se isto era viver, em um estado muito inferior; não só pela sujeição, como também pela parca remuneração, só conseguindo com curas, eclesiásticos menos ilustrados e menos competentes. Estas anexações foram suprimidas, a partir do século XVI, ficando como recordação àquelas igrejas que as dominaram, o direito de apresentação, surgindo uma nova esfera de luz para estas freguesias assim constituídas.» // Afonso. = Notícias de Melgaço n.º 855, de 25/04/1948, página 4. /// (*) Fiães e Paderne só passaram a ser freguesias de Melgaço depois de 1834.
 


igreja do convento das Carvalhiças (SMP) 

 

ABREU, António José (Padre). // Na década de quarenta do século XVIII assinou o requerimento que solicitava ao Ministro Provincial que enviasse para Melgaço alguns irmãos franciscanos, o que de facto aconteceu (Obras Completas de Augusto César Esteves, volume I, tomo II, página 380). // Morreu na Vila de Melgaço a 19/5/1759.


ABREU, Bernardo (Frei). // Filho de Leão José Gomes de Abreu e de Maria Pereira da Costa Araújo, e irmão de Tomaz José Gomes de Abreu. Nasceu na vila de Melgaço no século XVIII. // Professou na Ordem dos frades menores, no Convento de São Francisco, Porto, e passou a usar o nome de frei Bernardo de Nossa Senhora da Orada. // Morreu na Calçada, SMP, a 15/6/1824, de repente, e foi sepultado no convento das Carvalhiças.    
 

ABREU, Constantino Gomes (Padre). Filho de Manuel Esteves da Costa e de Isabel Gomes de Abreu (confirmar). // Residiu na Bouça de Chaviães. // Ingressou na Confraria das Almas da Vila de Melgaço a 5/11/1720. // Morreu na Vila de Melgaço a 2/7/1771 e jaz na igreja matriz de SMP. // Irmão do padre Francisco.
 
 
ABREU, Diogo Manuel Alves (Padre). Filho de Ângelo Alves de Abreu, do lugar da Nogueira, Chaviães, e de -----------------------. // Irmão de Miguel Caetano Álvares, casado com Antónia Maria de Araújo Azevedo Gomes, e tio do padre Francisco Manuel Álvares Azevedo. // Foi cura de Chaviães no século XVIII e XIX.      A 22/1/1819, na igreja de Chaviães, foi padrinho de Carlota Rosa da Conceição, nascida nesse dito dia, filha de António Joaquim de Sousa Gama e de Joana Maria Gomes de Abreu. // A 26/1/1842, na igreja de Chaviães, foi padrinho de José Maria, nascido em Chaviães a 14 daquele mês e ano, filho de Romão Fernandes e de Maria Josefa Ribeira, galegos, moradores em casa dele, padre Diogo Manuel, talvez como seus caseiros. // A 15/5/1852 vendeu a Manuel José Esteves (Melgaço), natural de Chaviães, a sua quinta de Eiró de Cima.   
 



ABREU, Domingos Gomes (Frei). Filho do alferes Domingos Gomes de Abreu e de Francisca Coelho da Rosa [Novais]. Nasceu na casa fronteira à Misericórdia a 21/1/1668. // Foi admitido na Confraria das Almas da Vila de Melgaço a 8/2/1692. // Armaram-no cavaleiro da Ordem de Cristo na igreja da Senhora da Conceição de Lisboa, a 31/12/1692, professando na mesma Ordem a 9/2/1693, no Convento de Tomar. Tinha de tença anual 30.000 réis. // Foi familiar do Santo Ofício e Feitor Geral das Alfândegas de Entre Douro e Minho. // Casou em Lapela, a 28/11/1700, com Isabel de Faria, natural de Monção. // Em 1701 foi-lhe concedida carta de armas, fidalguia e nobreza, com que aformoseou as Casas de Melgaço (fronteira à igreja da Santa Casa da Misericórdia) e de Lapela. // A 19/8/1705, por carta patente da regente Catarina de Bragança, foi nomeado Capitão das Ordenanças, cargo que exerceu até à data do falecimento. // Era provedor da SCMM em 1706. // Em consequência de um voto que fez aquando da Guerra de Sucessão de Espanha, na Galiza, onde fora preso e torturado como espião, edificou no Coto da Pedreira a capela da Pastoris, ou Pastoriza, cuja provisão lhe foi concedida em Melgaço a 6/6/1707 pelo arcebispo Dom Rodrigo Moura Teles, e a autorização para ocupar o sítio - que era público e baldio - despachada pelo senado municipal a 21/1/1713. A capela, porém, apenas ficaria concluída em 1727, pois só a 17 de Agosto desse ano é que o abade de Rouças, padre Manuel Cunha Lira, a benzeu e nela cantou a 1.ª missa. 

 

 

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