MELGAÇO: Padres, Monges e Frades
Por Joaquim A. Rocha
capela da Senhora da Pastoriza |
COISAS DA
HISTÓRIA
As Nossas Paróquias
A
origem das nossas paróquias remonta aos primeiros séculos do cristianismo. No
século IV principiaram a germinar as primeiras paróquias, organizadas pela
pregação evangélica, cuja ação evangelizadora se estendia até às povoações
rurais. No concílio de Lugo, convocado no ano de 569, foram atribuídas ao
arcebispado de Braga aproximadamente trinta paróquias. A invasão muçulmana veio
no século VIII interromper esta organização católica e social, concentrando a
vida da época dentro de curtos limites; o amor da independência e a crença
religiosa, duas molas sobre as quais girava a sociedade constituída pelos
sucessos de Pelágio, primeira [sede] da reconquista peninsular. As lutas então
travadas pelos cristãos que haviam escapado à destruição do império gótico nas
Espanhas fizeram dividir o solo reconquistado em pequenos senhorios, defendidos
pelo castelo (ou casa forte) a par do qual era
edificada uma igreja ou um mosteiro. A crença religiosa, não menos do que o
amor da independência, influiu na organização das nossas paróquias, estendendo
a sua ação desde a pequena igreja de Covadonga até à ampla igreja estilo
renascença, edificada no último quartel do século XVIII. Algumas devem a sua
origem à fundação de mosteiros, assim como as freguesias de Fiães e Paderne,
deste concelho (*), enquanto outras trazem a sua origem de simples capelas ou
oratórios. Estas capelas, ou oratórios, umas eram curatos de mosteiros, e pelo
qual eram sujeitas ao clero regular; outras eram sujeitas às igrejas de
primeira categoria, que recebiam os rendimentos, fazendo-se substituir por um
cura, ou vigário, a quem davam uma parca remuneração. Nesta situação,
encontramos, a partir do século XIII, uma grande parte das freguesias que hoje
fazem parte do concelho de Melgaço; entre elas a freguesia de Alvaredo, Cousso,
Cubalhão, Gave, Parada do Monte, Prado e Remoães, freguesias que no século XIII
e seguintes viveram escravizadas, ou anexas, às igrejas de primeira categoria.
Assim, Alvaredo, curato anual do mosteiro de São Fins, onde o cura, com o
título de vigário, tinha para sua sustentação oito mil réis de côngrua e o pé
d’altar, rendendo para os religiosos do mosteiro cento e vinte mil réis!
Cousso, simples curato do mosteiro do Salvador de Paderne, com um cura anual,
que recebia seis mil réis em dinheiro, pagos pelo prior do mosteiro, e dois mil
réis da comenda de São Pedro de Riba do Mouro, por este lhe curar um lugar da
sua freguesia, que hoje pertence à freguesia de Cousso. Cubalhão também era um
curato do mesmo mosteiro, cujo cura anual tinha como sua remuneração as
benesses da igreja, enquanto os religiosos tinham para si os dízimos. Gave,
freguesia anexa a Riba de Mouro, tendo o cura como remuneração as benesses da
igreja, e cinco mil réis em dinheiro, pagos pelo reitor de Riba do Mouro,
ficando os dízimos para a comenda desta freguesia. Parada do Monte, também uma
filial da igreja de Riba de Mouro, onde o cura, com o título de vigário,
recebia cinco mil réis e o pé d’altar para sua sustentação, pagos pelo reitor
de Riba de Mouro, ficando este com os restantes rendimentos. Prado e Remoães,
duas freguesias também anexas ou subalternas à igreja de São Paio, onde os seus
curas, com o título de vigários, tinham como remuneração do seu trabalho oito
mil réis de côngrua e o pé d’altar. Quanto aos restantes rendimentos, eram
divididos em quatro partes, sendo uma para o abade de São Paio, outra – chamada
renda do castelo, ou da Casa de Bragança – ficando as duas restantes para a
Mesa Arquiepiscopal. As freguesias assim constituídas viviam, se isto era
viver, em um estado muito inferior; não só pela sujeição, como também pela
parca remuneração, só conseguindo com curas, eclesiásticos menos ilustrados e
menos competentes. Estas anexações foram suprimidas, a partir do século XVI,
ficando como recordação àquelas igrejas que as dominaram, o direito de
apresentação, surgindo uma nova esfera de luz para estas freguesias assim
constituídas.» // Afonso. = Notícias de Melgaço n.º 855, de 25/04/1948, página 4. ///
(*) Fiães e Paderne só passaram a ser freguesias de
Melgaço depois de 1834.
igreja do convento das Carvalhiças (SMP) |
ABREU,
António José (Padre). // Na década de quarenta do século XVIII assinou o
requerimento que solicitava ao Ministro Provincial que enviasse para Melgaço
alguns irmãos franciscanos, o que de facto aconteceu (Obras Completas de Augusto César Esteves, volume I, tomo II, página 380). // Morreu na Vila de Melgaço a 19/5/1759.
ABREU,
Bernardo (Frei). // Filho de Leão José Gomes de Abreu e de Maria Pereira da
Costa Araújo, e irmão de Tomaz José Gomes de Abreu. Nasceu na vila de Melgaço
no século XVIII. // Professou na Ordem dos frades menores, no Convento de São
Francisco, Porto, e passou a usar o nome de frei Bernardo
de Nossa Senhora da Orada. // Morreu na Calçada, SMP, a 15/6/1824, de
repente, e foi sepultado no convento das Carvalhiças.
ABREU,
Constantino Gomes (Padre). Filho de Manuel Esteves da Costa e de Isabel Gomes
de Abreu (confirmar).
// Residiu na Bouça de Chaviães. // Ingressou na Confraria das Almas da Vila de
Melgaço a 5/11/1720. // Morreu na Vila de Melgaço a 2/7/1771 e jaz na igreja
matriz de SMP. // Irmão do padre Francisco.
ABREU,
Diogo Manuel Alves (Padre). Filho de Ângelo Alves de Abreu, do lugar da
Nogueira, Chaviães, e de -----------------------. // Irmão de Miguel Caetano
Álvares, casado com Antónia Maria de Araújo Azevedo Gomes, e tio do padre
Francisco Manuel Álvares Azevedo. // Foi cura de Chaviães no século XVIII e
XIX. A
22/1/1819, na igreja de Chaviães, foi padrinho de Carlota Rosa da Conceição,
nascida nesse dito dia, filha de António Joaquim de Sousa Gama e de Joana Maria
Gomes de Abreu. // A 26/1/1842, na igreja de Chaviães, foi padrinho de José
Maria, nascido em Chaviães a 14 daquele mês e ano, filho de Romão Fernandes e
de Maria Josefa Ribeira, galegos, moradores em casa dele, padre Diogo Manuel,
talvez como seus caseiros. // A 15/5/1852 vendeu a Manuel José Esteves (Melgaço), natural de Chaviães, a sua quinta de Eiró de Cima.
ABREU,
Domingos Gomes (Frei). Filho do alferes Domingos Gomes de Abreu e de Francisca
Coelho da Rosa [Novais]. Nasceu na casa fronteira à Misericórdia a 21/1/1668.
// Foi admitido na Confraria das Almas da Vila de Melgaço a 8/2/1692. // Armaram-no
cavaleiro da Ordem de Cristo na igreja da Senhora da Conceição de Lisboa, a
31/12/1692, professando na mesma Ordem a 9/2/1693, no Convento de Tomar. Tinha
de tença anual 30.000 réis. // Foi familiar do Santo Ofício e Feitor Geral das
Alfândegas de Entre Douro e Minho. // Casou em Lapela, a 28/11/1700, com Isabel
de Faria, natural de Monção. // Em 1701 foi-lhe concedida carta de armas,
fidalguia e nobreza, com que aformoseou as Casas de Melgaço (fronteira
à igreja da Santa Casa da Misericórdia) e de Lapela. // A 19/8/1705, por
carta patente da regente Catarina de Bragança, foi nomeado Capitão das
Ordenanças, cargo que exerceu até à data do falecimento. // Era provedor da SCMM em
1706. // Em consequência de um voto que fez aquando da Guerra de Sucessão de Espanha,
na Galiza, onde fora preso e torturado como espião, edificou no Coto da
Pedreira a capela da Pastoris, ou Pastoriza, cuja provisão lhe foi concedida em Melgaço a
6/6/1707 pelo arcebispo Dom Rodrigo Moura Teles, e a autorização para ocupar o
sítio - que era público e baldio - despachada pelo senado municipal a
21/1/1713. A capela, porém, apenas ficaria concluída em 1727, pois só a 17 de
Agosto desse ano é que o abade de Rouças, padre Manuel Cunha Lira, a benzeu e
nela cantou a 1.ª missa.
Sem comentários:
Enviar um comentário