POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Rui Nunes |
Dentro de mim, empertigado,
existe um cavalo à solta;
eu – um ser meio cansado,
ele – prenhe de revolta!
Porque são incompatíveis
os nossos temperamentos,
travam-se guerras terríveis
sem haver convencimentos!
Lutamos noite e dia,
à luz do sol e das trevas;
manhã quente, noite fria,
negras águas, verdes ervas.
Relincha, dá coices mil,
todo ele é turbilhão;
eu, já sem água no cantil,
seco, como planta no verão.
Neste conteúdo sem forma
sublinha-se o contraste:
um corpo de índole morna
contendo o filho de Marte!
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