quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha


desenho de Luís Filipe G. Pinto Rodrigues 


Roubos


     No Correio de Melgaço n.º 149, de 16/5/1915, lemos a seguinte comédia num acto: «Um meliante qualquer, natural de Paderne, do qual não se sabe o nome, que trabalha há tempos em Espanha, roubou, a 14/5/1915, a Manuel José Fernandes, proprietário de Alvaredo, um redeiro, que aquele cidadão tinha a secar perto do rio Minho. Preso, com o objecto roubado, foi conduzido a esta Vila [de Melgaço] por dois cabos de polícia, daquela freguesia, um armado com uma espingarda caçadeira e o outro munido de um bom cacete. O atrevido gatuno, porém, ao chegar a Galvão de Cima, perto da Vila, deu às de Vila Diogo, deixando os representantes da autoridade com cara… à banda! O cabo da polícia que trazia a arma caçadeira ainda deu ao gatilho por duas vezes, mas… cruel decepção!.. a arma era velha e para maior infelicidade estava descarregada, não podendo fazer fogo sobre o gatuno que – auxiliado pelas rijas gâmbias – atravessou campos e o regato de Prado, pondo-se em bom lugar. Os seus perseguidores ainda tentaram procurá-lo pelos campos de centeio, mas em vão o fizeram, pois não o viram mais. Resolveram então vir contar o caso ao administrador do concelho e fazer-lhe entrega da rede roubada, que o meliante tinha deixado como recordação.» Quer dizer: o pobre diabo deixou-lhes a rede, carregou com ela quase cinco quilómetros a pé, e ainda queriam que ele fosse para a cadeia. Bons tempos!

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