DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
CINE
PELICANO
Sito na vila de Melgaço, na zona histórica.
Hilário Alves Gonçalves (1898-1985), natural de Monção, comerciante em Melgaço,
comprou o edifício em ruínas e reconstruiu-o, acrescentando-lhe um piso. Foi
inaugurado na década de trinta do século XX. Em 1936 já ali houve bailes de
carnaval; chamava-se nessa altura «Salão Pelicano». // No dia 10 de Outubro de 1937,
domingo, «Os vinte amigos de Monção», grupo de amadores, exibiram ali alguns
dos seus números de revista ligeira. Alguém escreveu no Notícias de Melgaço n.º
372, de 17/10/1937: «Não devemos esquecer
o talento do (…) Vasco da Graça Almeida e do seu colega Gualdino, que souberam
corresponder com bastante agrado às exigências do público.» // O Cine
Pelicano, propriamente dito, foi inaugurado a 11/4/1948. // Na década de sessenta
do século XX, com a ida de parte da população para o estrangeiro, e a chegada
também da televisão, o cinema perdeu imensos clientes, o que levou ao seu
encerramento. Em 1993 o edifício estava à venda; foi adquirido pelo fundador do
Museu de Cinema de Melgaço, o francês Jean Loup Passek, e ofereceu-o ao dito
Museu. Aguarda obras. // Todos os melgacenses nascidos na primeira metade do
século XX foram, pelo menos uma vez, ao Cine Pelicano ver um filme, uma peça de
teatro, assistir a um baile de carnaval. A música para os bailes, era da
inteira responsabilidade - geralmente - dos irmãos Gonçalves Pereira (Gorro, Toneca, etc.), nascidos na freguesia de Prado, e
seus filhos, todos eles excelentes artistas. Nos intervalos havia caldo verde,
bebidas, não frescas, pois nessa altura ainda não havia frigoríficos em
Melgaço! // A categoria dos filmes variava: por vezes viam-se bons filmes,
outras vezes eram medíocres. Os filmes cómicos - Cantinflas, Charlot,
Fernandel, Vasco Santana, António Silva, etc., faziam rir a gente até às
lágrimas. Os dramas: Romeu e Julieta, Amor de Perdição, etc., faziam-nos
chorar. Havia também o Joselito, a Marisol, entre outros, que nos encantavam
com as suas maravilhosas vozes. // O teatro era prata da casa; o Vasco da
Central escrevia as peças, arranjava uns quantos rapazes e raparigas do
concelho, talentosos, ensaiava, e eis que surgia a obra! Algumas das peças
chegaram a ser representadas noutros concelhos! // Pode ser que com o edifício
recuperado o Cine Pelicano volte a ter o brilho de outrora. Quem sabe?
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