POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
POMBA
Encontrei
na minha rua
Uma
pomba muita mansa;
Era
mais bela que a lua,
Usava
o cabelo em trança.
Trepou
para o meu cachaço,
Beijou-me
o pescoço todo;
Chamou-me
belo e madraço,
Sujou-me
todo de lodo.
Apaixonou-se
por mim,
Mostrou-me
a todos em público;
Chamou-me
anjo, serafim,
Julgando
que eu era abúlico.
«Ouça lá, sua maluca,
Veja
se tem algum juízo;
Você
é pomba, não cuca,
Vá
dar a outro seu riso.»
A
pobre pomba chorou,
Sentiu-se
só, desprezada;
Mas
ninguém a abandonou,
Nem
era presa caçada.
«Siga mas é seu destino,
Deixe-me
em paz e sossego,
Procure
outro bambino,
Um
com cara de patego.»
Afinal era princesa,
A pombinha bela e mansa;
Fora a feiticeira Reza
Que a embruxara em França.
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