OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de «Os Lusíadas» de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
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Pra
produzir açúcar, engenhos mil,
De
África levaram os escravos;
Gente da Europa foi para o Brasil
Em
busca de ouro, rosas e cravos.
De
todo o lado, jovem, ou senil,
Queria
pertencer ao grupo dos nababos.
Por
fim, a descoberta da borracha,
Criou
mais fortunas e nova taxa.
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Pelo
sertão entraram garimpeiros,
Famintos de vis metais preciosos;
Malta sem trabalho, aventureiros,
Todos
eles rudes, gananciosos.
Vendiam
a alma por trinta dinheiros,
Terríveis
mentes, olhos capciosos.
Ai
que corja aquela, tão matreira,
Mais
feroz do que a fera verdadeira!
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E
para que serviu tanto metal,
Tanto
ódio, tanta cruel matança?
Riqueza
sem controlo é letal,
Rói
em todos nós a doce esperança.
O
bem sucumbe perante o mal,
A
justiça falece na balança.
E
não há céu que tal obra suporte,
Por
isso, por sentença dá a morte.
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Esqueçamos o gigante Brasil,
Percorramos
cem terras, novos mundos,
Vamos
em busca da pimenta e anil,
Doutros
sonhos mais nobres e fecundos.
Comprar
bugiganga por um ceitil,
Enfrentar
aqueles rostos iracundos.
Mostrar-lhes
que a nação portuguesa
É
dura em guerra, meiga na justeza.
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