quarta-feira, 9 de setembro de 2015

GENTES DE MELGAÇO
(biografias)

Por Joaquim A. Rocha




Cousso


PRIETO, Raimundo (Padre). Filho de Francisco Prieto (Pereira Lamela) e de Maria Joana Lamosa, naturais de São Bartolomeu de Lamosa, Galiza. Neto paterno de José Prieto e de Benita Lamela; neto materno de José Pedro Lamosa e de Maria Rosa Davila. Nasceu no lugar da Peneda, freguesia da Gavieira, Arcos de Valdevez, às três horas da manhã de 9/8/1878 (*). Padrinhos: Romão Salgado, lavrador, e Maria Campela. // Em 1899 os seus pais, mais os irmãos, já residiam na freguesia de Cousso, concelho de Melgaço. // Depois da instrução primária ingressou no Seminário (de Braga, provavelmente), ordenando-se em 1901. // Paroquiou a freguesia de Cousso durante muitos anos, primeiro como coadjutor; em 1912, já no tempo da República, recebeu das autoridades uma intimação para no prazo de cinco dias deixar a casa de residência paroquial. // A 17/8/1919 realizou-se na igreja paroquial de Cristóval a festividade em honra do Santíssimo. O correspondente do Jornal de Melgaço nessa freguesia escreveu: «ao evangelho subiu ao púlpito o nosso amigo reverendo Raimundo Pereira, digno reitor da freguesia de Cousso. Poucas vezes temos tido ocasião de assistir a sermões feitos por este nosso amigo, e nunca assisti a sermão tão erudito e ao mesmo tempo ao alcance de todas as inteligências, apesar do grande mistério de que nesse dia tratava... (Jornal de Melgaço n.º 1259, de 24/8/1919). // Da freguesia de Cousso, a 9/8/1928, transitou para a de São Paio de Melgaço, cuja igreja reconstruiu totalmente entre 1930 e 1931. Essas obras foram muito criticadas, mas nas Obras Completas do Dr. Augusto César Esteves, volume I, tomo II, página 424, lê-se: «Desta forma fica aliviada a responsabilidade do encomendado Raimundo Prieto assumida quando em 1930 resolveu alargar e de facto alargou a igreja, retirando-lhe os tais arcos.» // Na madrugada do dia 2/11/1936, sendo ele então abade de São Paio, e estando a celebrar a missa, uns ladrões assaltaram a residência paroquial, na qual ele habitava, e roubaram-lhe um relógio de ouro, duas libras, uma moeda de 10$00 (em ouro?), uma coleção de moedas de prata do centenário, uma máquina de cortar cabelo, três garrafas de vinho fino, doces, chocolates, e uns polvos que estavam a demolhar na cozinha, que os gatunos abandonaram, espetados num pau, perto da dita residência. Diversas alfaias de prata, que se encontravam num armário, ficaram intactas; assim como outros valores que os larápios não descobriram. // Ideologicamente estava ligado ao regime corporativista, colaborando, assumindo mesmo a vice-presidência da comissão concelhia da União Nacional. Não custa crer que apoiou a queda da I República em 1926. // Apareceu morto a uma terça-feira, 5/12/1939, na já citada residência paroquial de São Paio de Melgaço; o funeral realizou-se a sete daquele mês, com dezassete sacerdotes a acompanhar o féretro até à sepultura. // Foi substituído pelo padre Marques, de Lobiô, Rouças. // Deixou irmãos e sobrinhos; entres estes, o pároco de Cristóval, padre Manuel José Pereira.       

     /// (*) Os seus pais, comerciantes galegos, fabricantes de cera, foram fazer as festas da Senhora da Peneda, e aí nasceu a criança.     

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