GENTES DE MELGAÇO
(biografias)
Por Joaquim A. Rocha
Cousso
PRIETO, Raimundo
(Padre). Filho de Francisco Prieto (Pereira Lamela) e de Maria Joana
Lamosa, naturais de São Bartolomeu de Lamosa, Galiza. Neto paterno de José
Prieto e de Benita Lamela; neto materno de José Pedro Lamosa e de Maria Rosa
Davila. Nasceu no lugar da Peneda, freguesia da Gavieira, Arcos de Valdevez, às
três horas da manhã de 9/8/1878 (*). Padrinhos: Romão Salgado, lavrador, e
Maria Campela. // Em 1899 os seus pais, mais os irmãos, já residiam na
freguesia de Cousso, concelho de Melgaço. // Depois da instrução primária
ingressou no Seminário (de Braga, provavelmente), ordenando-se em
1901. // Paroquiou a freguesia de Cousso durante muitos anos, primeiro como
coadjutor; em 1912, já no tempo da República, recebeu das autoridades uma
intimação para no prazo de cinco dias deixar a casa de residência paroquial. //
A 17/8/1919 realizou-se na igreja paroquial de Cristóval a festividade em honra
do Santíssimo. O correspondente do Jornal de Melgaço nessa freguesia escreveu:
«ao evangelho subiu ao púlpito o nosso
amigo reverendo Raimundo Pereira, digno reitor da freguesia de Cousso. Poucas
vezes temos tido ocasião de assistir a sermões feitos por este nosso amigo, e
nunca assisti a sermão tão erudito e ao mesmo tempo ao alcance de todas as
inteligências, apesar do grande mistério de que nesse dia tratava... (Jornal de Melgaço
n.º 1259, de 24/8/1919). // Da freguesia de Cousso, a
9/8/1928, transitou para a de São Paio de Melgaço, cuja igreja reconstruiu
totalmente entre 1930 e 1931. Essas obras foram muito criticadas, mas nas Obras
Completas do Dr. Augusto César Esteves, volume I, tomo II, página 424, lê-se: «Desta forma fica aliviada a responsabilidade
do encomendado Raimundo Prieto assumida quando em 1930 resolveu alargar e de
facto alargou a igreja, retirando-lhe os tais arcos.» // Na madrugada do
dia 2/11/1936, sendo ele então abade de São Paio, e estando a celebrar a missa,
uns ladrões assaltaram a residência paroquial, na qual ele habitava, e roubaram-lhe
um relógio de ouro, duas libras, uma moeda de 10$00 (em ouro?),
uma coleção de moedas de prata do centenário, uma máquina de cortar cabelo,
três garrafas de vinho fino, doces, chocolates, e uns polvos que estavam a
demolhar na cozinha, que os gatunos abandonaram, espetados num pau, perto da
dita residência. Diversas alfaias de prata, que se encontravam num armário,
ficaram intactas; assim como outros valores que os larápios não descobriram. //
Ideologicamente estava ligado ao regime corporativista, colaborando, assumindo mesmo
a vice-presidência da comissão concelhia da União Nacional. Não custa crer que
apoiou a queda da I República em 1926. // Apareceu morto a uma terça-feira, 5/12/1939,
na já citada residência paroquial de São Paio de Melgaço; o funeral realizou-se
a sete daquele mês, com dezassete sacerdotes a acompanhar o féretro até à
sepultura. // Foi substituído pelo padre Marques, de Lobiô, Rouças. // Deixou
irmãos e sobrinhos; entres estes, o pároco de Cristóval, padre Manuel José
Pereira.
/// (*) Os seus pais, comerciantes galegos, fabricantes
de cera, foram fazer as festas da Senhora da Peneda, e aí nasceu a criança.
Sem comentários:
Enviar um comentário