DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Concebido e organizado por Joaquim A. Rocha
Escritores melgacenses
Quando comecei
esta pesquisa não fazia a mínima ideia de quantos escritores houve e há em Melgaço,
concelho do Alto Minho. Uma coisa tinha como certa: não seriam muitos, meia
dúzia se tanto, mas enganei-me redondamente. Felizmente são mais, e alguns
deles, os que já morreram, deixaram obras com muita qualidade. Quanto àqueles
que ainda escrevem, vão-nos surpreendendo com bons trabalhos de escrita. Apenas
vou considerar aqueles escritores que têm alguma notoriedade, editaram, ou
alguém editou por eles, livros ou manuscritos, quer na área da ficção e da poesia, quer na
área da investigação histórica, ou no ensaio. Vão ser colocados por ordem
cronológica de nascimento.
1 - Frei Francisco Melgaço. Nasceu numa das freguesias do
concelho de Melgaço no ano de …? (não
descobri até agora a data de seu nascimento). Foi
religioso da Ordem de São Bernardo. Escreveu várias obras, relacionadas com a
doutrina cristã, as quais não foram impressas. Os seus manuscritos (escritos em latim)
conservam-se na livraria do Convento de Alcobaça, à espera de um especialista
que os analise e divulgue.
(Informação colhida no Dicionário
Histórico, Biográfico, Bibliográfico, Heráldico, Corográfico, Numismático e
Artístico. João Romano Torres – Editor. Lisboa – 1903. Página 960).
2 - Frei
António de Santa Maria dos Anjos Melgaço. Nasceu
no concelho de Melgaço a 17 de Junho de 1718. Foi frade franciscano. Professou
no Convento de São Francisco de Lisboa a 22 de Janeiro de 1731. Fez os estudos
de Filosofia e Teologia no Colégio de São Boaventura da Feira, em Coimbra,
entre 1731 e 1737. Foi professor nos Estudos de Mafra (fundados por D. João V) nos
anos de 1737 a 1752. Devia ser uma pessoa deveras inteligente e curiosa, pois o
próprio rei o incita a prosseguir os estudos. Segue os conselhos do monarca, e
em 1743 adquire um doutoramento em Teologia na Universidade de Coimbra, talvez
o primeiro melgacense a conseguir tal feito. Como escritor, deixou várias
obras, todas elas redigidas em latim. Uma delas tem por título «SCOTUS
ACADEMICUS, seu Philosophia Peripatetica ad commodiorem regalis Academiae
Mafrensis usum, juxta mentem venerabilis, subtilisque Magistri Joannis Duns Scoti.»
(Tomo I, Lisboa, 1747). Por ter sido eleito provincial «da sua província», em 1751, viu-se obrigado a suspender por algum
tempo a continuação da obra. O segundo volume estava em impressão apenas no ano
de 1755, o qual se queimou aquando do grande terramoto. No Convento de São
Francisco arderam também, nessa altura, outros escritos da sua autoria, que
tinha prontos para publicação. Em 1759 publicou, completamente revisto, o tomo
II do «SCOTUS ARISTOTELICUS». Os dois volumes debruçam-se sobre a «logica parva», ou seja, pequena lógica,
e a «logica magna», que significa
grande lógica, «e interessam para o conhecimento
do movimento de ideias em Portugal no século XVIII e dos estudos na escola de
Mafra». Faleceu em Vila do Conde a 14 de Agosto de 1780, com 62 anos de
idade.
Quem desejar consultar a bibliografia pode
fazê-lo em {Frei António do Sacramento, História
Seráfica, sexta parte, manuscrito 703, da Torre do Tombo. / Memória da forma com que Dom João o Quinto
mandou para Mafra religiosos para Lentes de Faculdade, manuscrito 801,
folhas 682 e seguintes, do arquivo da casa Cadaval (Muge). / A. A. Andrade, A Orientação do Estudo da Filosofia dos
Franciscanos, in Brotéria 43 (1946), páginas 43 a 45.} // (Verbo – Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, páginas
648 e 649).
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