POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
Andava o
Esganarelo
Pelas ruas
da cidade,
Vendendo fel
e farelo,
E tretas da
mocidade.
Oferecia-nos
mentiras
Em troca de
um sorriso;
Eram “pérolas”,
“safiras”,
Para gente
sem juízo.
Eu fingia
acreditar,
Para vê-lo
satisfeito;
Ei-lo então
a inventar,
Sem pejo,
menor respeito.
Eu ria-me,
sem vontade,
Só para o
ver divertido;
A mentira,
falsidade,
Não entra no
meu ouvido.
Dizia-lhe
que eram horas
Da gente se
retirar;
Enterrava-lhe
as esporas
Para ele
relinchar.
Mas o louco
palrador
Queria era
dar à língua;
Não ligava à
minha dor,
À pobre da
minha íngua.
Eu disse-lhe
bruscamente:
Vá-se
embora, não fale mais;
Intruja mil,
toda a gente,
Até melros e
pardais!
Vá pregar
pra São Martinho,
Para Paços, Lamaçães;
Beba-lhe uns
copos de vinho,
Com presunto
de Fiães.
E não volte
mais aqui,
Eu não o
quero ver mais;
Minta à
Rosa, à Lili,
À barcaça do
arrais.
Minta a cem esgrouviados,
A mendigos, chimpanzés;
Percorra feiras de gados,
Mil bares e cabarés…
Minta ao velho Tringuelheta,
Que fez rir Juca e Gú;
À Maria Pandeireta,
Ao sogro de Belzebu;
Mas não me minta a mim,
Que não acredito em nada;
Já em bebé era assim:
Fugia da palhaçada.
Quando seus olhos de rato
Me virem ali na rua;
Não finja que é forte gato
Que eu sou refeição sua.
Por favor, deixe-me em paz,
Busque presas noutro lado;
Uma menina, rapaz,
Um palerma, estouvado.
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