DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
AFOGAMENTOS
Fica-nos sempre a dúvida se estas mortes poderiam ter sido evitadas. Segundo a lei da natureza, todos terão de morrer, mas ir-se embora desta vida assim, por desleixo, por loucura, por desespero, deixa-nos a pensar. Viver é bom, mesmo que as condições nos sejam adversas. No tempo do outro regime, que terminou com o 25 de Abril, a maioria da população portuguesa passava mal, chegando por vezes a sentir carências primárias, mas apesar disso o povo ultrapassava essas mil dificuldades: em todas as freguesias havia festas, bailes, etc. As vindimas, as desfolhadas, a matança do porco, transformavam-se em pequenas festas, brotava alegria pelos campos e pomares. Havia também tristeza, ninguém o pode negar, as doenças surgiam com alguma regularidade, morria-se por falta de medicamentos adequados...
// MELO, Atanásio.
Nasceu em ---------, a
12/5/1863. // Morreu a
13/3/1888. Apareceu afogado no rio Trancoso. Este pequeno rio faz fronteira com a Galiza entre Castro Laboreiro e o lugar de Cevide, freguesia de Cristóval. Era solteiro, guarda da alfândega, e fora exposto na freguesia de
Monserrate, Viana do castelo, não se sabendo, por conseguinte, quem eram seus pais; achava-se em serviço no ponto fiscal de São Gregório. // Foi
sepultado na igreja de Cristóval, Melgaço.
// ESTEVES, José Miguel. Filho de Diogo Luís Esteves e de Maria Marcelina de Jesus Gomes de Araújo, residentes no lugar de Fonte. Neto paterno de Manuel António Esteves e de Maria Rosa Alves, de Aldeia; neto materno de Caetano Manuel Gomes de Araújo e de Vicência Rosa de Araújo Fernandes, do dito lugar de Fonte. Nasceu na freguesia de Chaviães, Melgaço, a 14/3/1845 e foi batizado pelo padre MJGB a 18 desse mês e ano. Padrinhos: José Miguel, filho de João da Cunha Araújo, e sua tia Maria, da Quinta de São Julião, SMP. // Lavrador. // Casou com Dolores Coutinho. // Morreu afogado, na tarde do dia 1/8/1889, no poço do Crasto, do lado de cima da pesqueira do Conle, ou Canle, nos limites da freguesia de Chaviães, por ter caído; já estava viúvo; não fizera testamento e foi sepultado na igreja paroquial no dia cinco desse mês e ano. // Pai de Manuel Maria.
// DOMINGUES, Maria. Filha de Manuel Domingues e de Joaquina Alves, moradores no lugar do Ribeiro, freguesia de Castro Laboreiro. Neta paterna de António Luís Domingues e de Josefa Proença; neta materna de Bento Manuel Alves e de Antónia Joaquina Gonçalves. Nasceu a 27/4/1869 e foi batizada na igreja a 2 de Maio desse ano. Padrinhos: Manuel Luís Bernardo e sua mulher, Maria Enes. // Lavradeira. // Faleceu a 24/1/1890, por afogamento (fica a dúvida se foi acidente ou suicídio, pois o pároco deixou registado no assento de óbito: «afogou-se no rio, ao passar no porto das Bacas»!). // Era solteira e foi sepultada no adro da igreja a 30/1/1890, o que significa que seu corpo ainda levou alguns dias a ser recuperado.
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