Joaquim
A. Rocha
MELGAÇO:
PADRES, MONGES E FRADES
*
Edição de autor
Ficha técnica
Título: Melgaço: Padres, Monges e Frades
Autor – Joaquim Agostinho da Rocha
Capa – desenho de Luís Filipe Gonzaga Pinto Rodrigues
Desenhos – Luís Filipe Gonzaga Pinto Rodrigues
Execução gráfica –
Tiragem –
Depósito legal –
ISBN –
Data de edição – Janeiro de 2019
Correio eletrónico: joaquim.a.rocha@sapo.pt
Blogue: Melgaço, Minha Terra
Obras do autor
Obras a publicar
Poemas
do Vento
Sonetos
do Sol e da Lua
Quadras
ao deus dará
Escritos
Sobre Melgaço
Entre
Mortos e Feridos (romance)
Lembranças
Amargas (romance)
Gentes
de Melgaço: A a Z (biografias)
Dicionário
Enciclopédico de Melgaço
A
Minha Vida em Imagens
A
minha religião e outros escritos
Auto
da Palina
(Frágeis
Elos (2.ª edição)
Obras publicadas
Livros
Frágeis
Elos (uma história familiar)
Dicionário
Enciclopédico de Melgaço (I e II volumes)
Lina
– Filha de Pã (romance)
Os
Meus Sonetos e os do frade
(Os
Novos Lusíadas - 2018)
Melgacenses
na I Grande Guerra
(em parceria com Walter Alves)
Separatas
A
Origem de Algumas Famílias Melgacenses
A
Febre Tifoide e os seus Protagonistas
Tomás
das Quingostas (200 anos do seu nascimento)
A
Provável Origem de Melgaço e Paderne
Prefácios nos seguintes livros de José A. Cerdeira e do Dr. Augusto
César Esteves:
Tomaz
das Quingostas (JAC)
O
Buraco da Serpe (JAC)
A
Adversidade por Madrasta (JAC)
O
Sonhador dos Montes da Aguieira (JAC)
Nas
Páginas do Notícias de Melgaço (ACE)
Colaborações
No
Boletim dos Serviços Sociais da CGD
No
Boletim Cultural da Câmara Municipal de Melgaço
No
jornal «A Voz de Melgaço»
No
jornal «Fronteira Notícias»
Artigo
sobre o santuário da Peneda no livro Lugares Sagrados
de Portugal I, editado pelo Círculo de
Leitores em 2016.
Introdução
A igreja católica já
tem muitos séculos de vida, mas no sítio chamado Melgaço deve-se ter instalado,
salvo erro, na segunda metade da Idade Média. Como o país designado Portugal
surgiu no século XII, e Melgaço já dele faz parte, será a partir desse século
XII que eu incluirei os padres que aí exerceram a sua atividade. No entanto,
temos de ter em conta que primeiro surgiram os mosteiros, antes da
nacionalidade, mas até esses, o de Fiães e o de Paderne, foram construídos em
terrenos pertencentes ao condado portucalense e mais tarde (em finais do século XII, salvo erro) ao termo de
Valadares, com o estatuto de coutos, estes com os seus imensos privilégios. Diz-se
que os seus abades eram senhores poderosos, com muita autoridade, seja na área
da justiça, seja no espiritual. Somente no século XIX, devido a uma grande
reforma administrativa, é que essas duas freguesias (Paderne
e Fiães) passaram a pertencer
ao termo de Melgaço, aumentando o pequeno concelho, de apenas oito freguesias,
para dezoito: Alvaredo, Castro Laboreiro, Chaviães, Cousso, Cristóval, Cubalhão, Fiães, Gave, Lamas de Mouro, Paderne, Paços, Parada do Monte, Penso, Prado, Remoães, Rouças, São Paio, Vila (SMP). Quanto ao convento dos franciscanos, dedicado à Senhora da
Conceição, sito no lugar das Carvalhiças, SMP, esse foi fundado já no século
XVIII, a pedido de alguns melgacenses. Todos eles foram encerrados a 30/5/1834,
por um decreto de Joaquim António de Aguiar (o Mata Frades), assinado pela rainha D. Maria II.
As freguesias, ao longo dos anos, tiveram
de se ir organizando, construíram-se igrejas e capelas, alojamento para os
sacerdotes, enfim, criou-se o mínimo de condições para que os religiosos
conseguissem sobreviver e trabalhar no seu múnus com alguma dignidade. A
côngrua (imposto que, por meio de contribuição ou
derrama paroquial, se dava a curas e párocos para viverem, nas freguesias onde
não havia os dízimos eclesiásticos) ia
dando para o dia-a-dia, mas nas freguesias mais pobres os párocos passavam
algumas necessidades, valendo-se quantas vezes do recurso a uma horta, que
cultivavam, ou alguém por eles, para compensarem a falta de dinheiro a fim de
comprarem certos produtos, como arroz, azeite, carne de vaca, ou vitela, etc. É certo que os paroquianos davam aquilo que podiam,
mas sendo gente pobre não lhes era possível ajudar mais.
A maior parte dos sacerdotes até meados do
século XX provinham dos meios rurais. Os seus pais desejavam que alguns dos seus
rapazes fugissem ao trabalho duro e ingrato da agricultura; com algum esforço, vendendo,
se fosse necessário, um campito, lá conseguiam que eles ingressassem no
seminário. Ali teriam alimentação, estudavam, e se conseguissem terminar o
curso, eram normalmente colocados em uma freguesia como párocos. Aqueles que
abandonavam a carreira eclesiástica sempre teriam hipótese de arranjar um
emprego em um qualquer ministério do Estado, na banca, nos seguros, etc…
A questão dos padres que se apaixonaram
por raparigas e nelas geraram filhos, isso, quanto a mim, não é nada que cause
espanto, pois um padre é um homem, com desejos, com necessidades, com paixões.
É certo que juraram perante os livros sagrados, o seu Deus, os seus superiores,
a lei canónica, que se manteriam castos. Na altura, com vinte e poucos anos de
idade, sem experiências mundanas, na idade da ilusão, tudo se promete; o pior é
quando um moço, bem-falante, bem vestido, comparado com a maior parte dos
habitantes locais, que só mudava de roupa ao domingo, se apresenta perante um conjunto de pessoas, entre elas
raparigas bonitas e casadoiras, desejosas de serem beijadas, abraçadas por um
jovem da idade delas. A maioria dos padres resiste a essa tentação, agarra-se à
sua fé, teme o castigo divino, pede a todos os santos que o protejam, mas há
sempre uma minoria que se deixa levar pelo desejo. A consequência surge-nos à
vista: a rapariga fica grávida, vai ser mamã… Os vizinhos logo perguntam: - quem é o pai? As reações variam: uns
acham normal, é mais um miúdo, ou miúda, filho, ou filha, de pai incógnito;
outros, os mais beatos, ficam irritados, para eles esta situação é intolerável,
pois os padres são ministros de Cristo, têm de ser exemplares, não devem
cometer pecados dessa gravidade. O grande argumento do Papa e seus conselheiros
para não deixarem casar os sacerdotes é o seguinte: os religiosos, sendo
solteiros, com autonomia, sem responsabilidades familiares, podem dedicar aos
crentes vinte e quatro horas por dia; se fossem casados, com filhos, esse tempo
seria inevitavelmente dividido, repartido entre crentes e família, logo a
eficácia, a prontidão, seria por vezes nula. Decidir sempre foi difícil. Neste
caso concreto, o que se ganharia de um lado, perder-se-ia por outro. Quanto a
mim, embora leigo nestas matérias da religiosidade, a solução, ou parte dela,
seria encontrada através da abertura de Seminários para raparigas, e o casamento de todos
aqueles religiosos que o quisessem realizar. Se algumas mulheres estudassem
para “madres” (padres do sexo feminino), o número de
religiosos aumentaria exponencialmente, e as crianças que nascessem de “madres”
ou padres, seriam legitimadas, teriam um lar, seriam como outras quaisquer
crianças. Desapareceria o ferrete: «és
filho de um padre», como se isso seja algum crime hediondo.
Enfim, as coisas vistas por este prisma parecem relativamente fáceis, mas a Igreja Católica, como acima se disse, tem muitos séculos de existência, tem as suas leis, elaboradas por grandes pensadores, os seus princípios, e não vai ser fácil introduzir novos conceitos, novos rumos, a uma instituição conservadora por natureza. O risco é sempre relativo, mas existe. As mudanças são quase sempre dolorosas.
Neste livro não constarão todos os padres, frades, monges, que exerceram a sua atividade em Melgaço, fossem ou não naturais do concelho. Não foi uma deliberação fácil de tomar: o motivo principal é eu não ter tempo para encontrá-los a todos. Investigo há cerca de quarenta anos, tenho editado alguns trabalhos, uns mais elaborados, outros mais ligeiros, mas a investigação é morosa e cara. Os monges de Fiães e de Paderne que me perdoem, mas não vão aqui figurar. Outros investigadores poderão prosseguir neste caminho agora iniciado.
Algumas pessoas poderão interrogar-se: - que raio de interesse tem o assunto deste livro? Bem, o livro é composto por pequenas biografias de padres e de frades, homens religiosos que batizavam, casavam, confessavam os crentes, acompanhavam funerais, doutrinavam crianças, jovens e adultos, a fim de se tornarem bons cristãos, intervinham, e intervêm, na vida quotidiana da comunidade. Nem todos foram, ou são, exemplos de virtude, alguns erraram, como todos nós; mas o seu papel na sociedade não é de somenos. Ajudaram a criar um modelo de sociedade, para o bem e para o mal. Quase que a ninguém, nem mesmo aos incréus, passará pela cabeça um dia ver uma freguesia, sobretudo no norte e centro de Portugal, sem um pároco. É certo, que hoje em dia existem milhares de religiões espalhadas por todo o planeta, a oferta religiosa é enorme, mas o catolicismo ganhou raízes, adaptou-se à maneira de viver e sentir das populações, já faz parte do tecido social, construindo pontes entre o humano e o divino, embora este, para alguns, emane do primeiro.
Enfim, as coisas vistas por este prisma parecem relativamente fáceis, mas a Igreja Católica, como acima se disse, tem muitos séculos de existência, tem as suas leis, elaboradas por grandes pensadores, os seus princípios, e não vai ser fácil introduzir novos conceitos, novos rumos, a uma instituição conservadora por natureza. O risco é sempre relativo, mas existe. As mudanças são quase sempre dolorosas.
Neste livro não constarão todos os padres, frades, monges, que exerceram a sua atividade em Melgaço, fossem ou não naturais do concelho. Não foi uma deliberação fácil de tomar: o motivo principal é eu não ter tempo para encontrá-los a todos. Investigo há cerca de quarenta anos, tenho editado alguns trabalhos, uns mais elaborados, outros mais ligeiros, mas a investigação é morosa e cara. Os monges de Fiães e de Paderne que me perdoem, mas não vão aqui figurar. Outros investigadores poderão prosseguir neste caminho agora iniciado.
Algumas pessoas poderão interrogar-se: - que raio de interesse tem o assunto deste livro? Bem, o livro é composto por pequenas biografias de padres e de frades, homens religiosos que batizavam, casavam, confessavam os crentes, acompanhavam funerais, doutrinavam crianças, jovens e adultos, a fim de se tornarem bons cristãos, intervinham, e intervêm, na vida quotidiana da comunidade. Nem todos foram, ou são, exemplos de virtude, alguns erraram, como todos nós; mas o seu papel na sociedade não é de somenos. Ajudaram a criar um modelo de sociedade, para o bem e para o mal. Quase que a ninguém, nem mesmo aos incréus, passará pela cabeça um dia ver uma freguesia, sobretudo no norte e centro de Portugal, sem um pároco. É certo, que hoje em dia existem milhares de religiões espalhadas por todo o planeta, a oferta religiosa é enorme, mas o catolicismo ganhou raízes, adaptou-se à maneira de viver e sentir das populações, já faz parte do tecido social, construindo pontes entre o humano e o divino, embora este, para alguns, emane do primeiro.
Gostaria de ver as biografias mais
desenvolvidas, mas não foi possível; os documentos são escassos, e aqueles que
existem são pouco abundantes em dados biográficos. A imprensa em Melgaço só
surgiu no século XIX, e a maior parte dos jornais dessa altura foram destruídos
ou, pela sua fragilidade, não podem ser consultados. Os arquivos municipais são
recentes, o espaço dos antigos edifícios camarários era por norma exíguo, por
isso, milhares e milhares de documentos foram destruídos pela incúria dos
homens. Enfim, temos de aproveitar o que restou, e conservar os que se vão
produzindo, para que no futuro se possa conhecer o passado.
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Preço: 10 euros
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