GENTES DE MELGAÇO
(micro-biografias)
Por Joaquim A. Rocha
parte da quinta da Orada e Galiza |
ABREU, José Joaquim (Dr.)
Filho do Dr. José Joaquim de Abreu e de Augusta Maria de Araújo, proprietários,
moradores no lugar de São Gregório, freguesia de Cristóval. Neto paterno de Miquelina Rosa de Abreu; neto materno de José
Joaquim de Araújo e de Benedita Pires Pereira. Nasceu em Cristóval, Melgaço, a 4/1/1906, e
foi batizado na igreja católica a 12 desse mês e ano. Padrinhos: José Joaquim de Araújo,
viúvo, negociante, e Matilde Gonçalves de Araújo, casada, proprietária, representada
por António Augusto de Araújo, viúvo, proprietário. // A 26/7/1917 fez exame do
1.º grau, terceira classe, e obteve a classificação de ótimo; era aluno do professor Abel
Nogueira Dantas (Jornal de Melgaço n.º 1169, de 4/8/1917). // Em Julho ou Agosto
de 1918 fez exame do 2.º grau, quarta classe, ficando aprovado com distinção (Jornal de Melgaço n.º 1220, de 24/8/1918). // Concluiu o curso de Direito, na Universidade de Coimbra, em 1931. // Em 1933 abriu escritório de
advogado na Rua da Calçada, Vila de Melgaço (Notícias de Melgaço n.º 182, de 5/2/1933). // Em 1936 foi nomeado
Conservador do Registo Civil de Santa Cruz da Graciosa, Açores (Notícias de Melgaço n.º 303, de 1 de Março). Foi
também Conservador dos Registos Civil e Predial em Melgaço; tomou posse na sala
da audiência do tribunal judicial da comarca de Melgaço a 3/12/1938; essa posse
foi-lhe dada pelo delegado do Procurador da República, Dr. Abel de Campos
Carvalho. // Foi promovido à 2.ª classe em 1957. // Casou a 29 de Julho de 1933
na Conservatória do Registo Civil de Melgaço e no dia seguinte na capela da Orada, com a professora do ensino
básico, Duartina Rosa, de 27 anos de idade, na altura a lecionar na escola do
ensino primário em Cubalhão, filha de José Bento Domingues e de Ana Maria
Rodrigues, castrejos, donos da Quinta da Orada, sita na freguesia de Santa Maria da Porta. // Dizem que «filho de peixe sabe nadar» e este não
escapou à regra: mulherengo exibicionista, teve como concubina uma das filhas
da “Maria das Adegas”, além de ter outras amantes ocasionais, espalhadas um
pouco por todo o lado! // Gerou polémica com os padres Vaz, residentes em
Braga, proprietários de “A Voz de Melgaço”, além de conflitos que manteve com
cão e gato. Para alguns conterrâneos tornou-se uma ameaça, pois, devido à
profissão que exercia, tinha direito a usar arma de fogo, a qual usou certa
altura para ameaçar um candidato a namorado da sua amante. Publicou diversos
artigos no jornal “República” e “Notícias de Melgaço”, em tom bastante agressivo e
assaz irónico, que posteriormente compilou e editou em livro: «Denúncia Caluniosa» (1957);
«Padres Incríveis» (1976); e «Magistrados Indesejáveis» (1977). // Dizia-se
republicano, mas alinhava em comezainas com os amigos do regime corporativista
de Salazar e Marcelo, até com os agentes da PIDE! O “Notícias de Melgaço” n.º
556, de 14/9/1941, dá-nos conta da sua participação numa homenagem ao chefe
dessa polícia política do Peso, Paderne, – brindou e elogiou! // Apesar de tudo, há quem
afirme que foi um bom advogado, conhecedor das leis e competente. // Faleceu na Vila de Melgaço a 17/12/1979. // Pai de Rui
de Abreu.
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