POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
A MODA DA CALÇA ROTA
Para a frente juventude
- cheia de vigor e saúde –
Não nos faças esperar.
A moda da calça rota
Está agora a começar.
A moça vai aderir,
A roupa boa despir,
No roto está a virtude.
Vamos as calças rasgar,
A perna linda mostrar,
Dizer aos outros quem somos.
O biquíni já não qu’remos,
Nem sequer a mini saia,
São já coisas de somenos.
Agora vamos à praia
De calça toda rasgada,
Mostrar perna torneada
- Sem maldade, sem batota -
duma atrevida garota.
Mostrar o rasgão na calça…
O orgulho se descalça,
A vergonha já perdemos.
Rasga aqui e acolá,
Esquece a estrela má,
Mostra a perninha jeitosa.
A malta é generosa,
Mostra tudo aos velhotes;
No inverno mil capotes
E no verão a pele linda.
Havemos de ver ainda
- Numa qualquer praia do norte –
Uma calça feita em tiras,
O vento num rodopio,
Ao longe forte assobio,
Uma gaivota voando,
Sobre aquelas pernas giras.
Quem sabe se terei sorte
De as poder admirar,
Junto àquele velho mar.
Calça rota é que está a dar.
Tu, rapariga bonita,
Rasga as calças da Rita,
Da Sara, do teu Orfeu…
As calças de toda a gente.
O velho anda contente,
Satisfeito, tão feliz,
Julga que a terra é céu.
Gosta de ver a calça rota,
A linda perna marota,
Da Constança e Beatriz,
Da Laura e da Zaulinda…
Não hesites, ó minha linda,
rasga a tua bela calça,
Solta um bocado a alça,
Mostra à gente que és capaz
De passear na avenida
Rasgadinha, mal vestida.
Sê alegre, sê marota,
Mostra a tua calça rota.
A costureira, atrevida,
Sorridente e garota,
Vai fazendo pela vida
C’ a moda da calça rota.
Lançou a moda no sul,
Espalhou-se pelo norte;
Vinga em Lisboa e Seul,
Vejam lá a sua sorte!
Vamos todos rasgar roupa,
Mostrar a perna marota;
A beleza não se
poupa,
A moda é a calça rota.
Se és rapariga, rapaz,
Entra nesta linda roda;
Mostra que és capaz
De aderir a esta moda.
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