POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
A NOITE
Uma noite nesta cidade
- igual a outras!
Sempre igual na verdade.
Sempre igual: nada muda!
Ao descer sobre a cidade
(a noite)
O crime desce à rua
e a mulher (que a ela pertence)
acorda: é manhã para ela!
Espreita à janela
e vê o princípio do seu dia:
a noite!
Vagueia pela rua
ou tem pousada certa
onde o noctívago a
encontra.
Um, outro, ainda outro,
desfilam em sua vida incerta.
A moral é algo que para si não conta.
Os homens da lei patrulham
- mas nada vêem!
A miséria escondida
à noite aparece: roubos, assassínios…
Tudo acontece – de mal - à noite!
Noite perversa
que tudo cobres
com teu manto escuro.
A tua alma denegrida
faz a muitos negra a vida.
Filhos sem pai, elos sem ligação.
Não tens coração, ó noite?!
Lembra-te que tuas filhas
já tiveram almas sãs
que tu lhes roubaste
e nem com elas choraste
essa perda irreparável.
Eu sei que também tu – miserável!
não tens a alma pura
nunca tiveste ternura
nunca tiveste um amigo
que te livrasse da desventura.
Os poetas em ti se inspiraram,
suas lágrimas choraram os enamorados.
Mas ninguém em ti reparou.
Ninguém ouviu teus soluços.
A descrença então de ti se apoderou.
E a tua cólera, a tua amargura,
despeja-las sobre as tuas
vítimas indefesas.
Malditas sejas, ó noite,
que da sociedade és o açoite,
a miséria em ti se alberga!
O criminoso em ti se apoia,
as frágeis filhas se perdem.
As tuas lágrimas, se as chorares,
não compadecem.
Não mereces perdão
és falsa e daninha
és vil e mesquinha
mereces a morte.
Essa será sempre a sorte
de quem como tu alma boa corrompe.
A manhã irrompe. Morre a noite.
Voltará?!
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