MELGAÇO E AS INVASÕES FRANCESAS
Por Augusto César Esteves
E embora o fizessem escrever num
processo terminado por desistência forçada em virtude de não se ter socorrido à
prévia tentativa de conciliação, como o impunha a lei, para ele concorreram os
filhos do conjurado Tomás José Gomes de Abreu, que, como ficou dito, deixou
muita posteridade. Dos seus filhos, um, José Manuel Gomes de Abreu, foi
escrivão da Câmara Municipal e outro, António Máximo Gomes de Abreu, criado com
amor e carinho desde tenra idade por seus tios Dona Ana Maria e Francisco
Pereira, foi juiz ordinário do julgado da vila e administrador do concelho em
1876; mas de entre todos o mais vivo, o mais combativo e o mais afortunado foi
o seu filho Tomás António, porque, casando em 7/10/1824 com a filha do Sargento-Mor
da Calçada, gerou o maior melgacense dos últimos tempos: - José Cândido Gomes de Abreu, Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição
de Vila Viçosa, negociante probo e acreditado, vereador e prestigioso
presidente da Câmara Municipal, integérrimo substituto do Juiz de Direito e,
sem dúvida, o primeiro dos melgacenses da sua época; grande homem de bem e um
grande e generoso coração, o fundador do Hospital da Santa Casa da
Misericórdia, o seu maior título de glória, porque, enquanto houver no concelho
deserdados da fortuna, o seu nome há-de ser lembrado, querido e respeitado por
todos. // No íntimo do seu peito e nos
últimos anos da sua vida, Tomás José deve ter acalentado uma grande paixão, o
lindo sonho de bater-se pelas ideias constitucionais, ouvindo nos campos de
batalha o silvo das balas, o troar do canhão, o gemer dos feridos ou a explosão
de alegria nos dias de vitória. De longe vai preparando o plano sem desmascarar
o intuito e, assim, em 1826 de D. Pedro IV consegue esta provisão a favor do
seu primogénito: «D.
Pedro por graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves de Aquém e de Além-Mar
em África, senhor da Guiné, etc. Faço saber que Tomás José Gomes de Abreu,
escrivão do Público, Judicial e Notas da Vila de Melgaço, me representou que
ele desejava ter um ajudante que com ele servisse e como na pessoa de seu filho
Tomás António Gomes de Abreu concorriam os requisitos necessários para o ajudar
e como o não podia nomear sem faculdade minha, me pedia a Graça de lho conceder
e visto a seu respeito informação do Juiz de Fora da Vila de Melgaço e a
resposta do meu Procurador da Coroa sendo ouvido: Hei por bem fazer-lhe mercê
de que possa ter, e nomear o sobredito seu filho Tomás António Gomes de Abreu
por seu escrevente ajuramentado, o qual o ajudará no dito ofício na forma da
lei, e mando as justiças a que o conhecimento deste pertencer o cumpram, e guardem
esta provisão como nela se contém. Pagou de Novos Direitos 540 réis que foram
carregados ao Tesoureiro deles a folhas 70 do Livro 41 de sua receita e se
registou o conhecimento em forma a página 195 do Livro 96 do Registo Geral.
El-Rei Nosso Senhor o mandou pelos Ministros abaixo assinados do seu Conselho e
seus Desembargadores do Paço. Joaquim Leandro de Sousa Pereira Leite a fez em
Lisboa a 5/4/1826. Desta 800 réis e de assinar 1800 réis. José Maria Sinel de
Cordes a fez escrever. Fernando José de Faria Guião – João de Carvalho Martins
da Silva Ferrão. Por Despacho do Desembargo do Paço do 1.º de Março de 1826 –
João de Matos e Vasconcelos Barbosa de Magalhães – Pagou 540 réis e aos oficiais mil – Lisboa, 13/4/1826 –
Fernando José Bravo.» - Depois: – Quando? - Em que
ano? – Ele parte, deixa Melgaço e... Tomás José Gomes de Abreu foi um grande
liberal. Amando a liberdade, por ela se bateu sempre; primeiro, contra os
franceses; depois, contra o predomínio da facção de D. Miguel; vitorioso contra
os invasores da Pátria, foi um dos vencidos das hordas miguelistas. Em pleno
governo de D. Miguel foi preso e encarcerado nas cadeias de Lamego, onde morreu
em 1832.
Olá Sr. joaquim estou em Braga desde o mês de dezembro e gosto de desejar_ lhe um feliz 2016 e sua família
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