domingo, 2 de agosto de 2020

SONETOS DO SOL E DA LUA

Por Joaquim A. Rocha 
 
 




 
UM NOVO DIA
  
(181)

 


 

Nasce o sol, vai-se a noite, vem o dia,

No cosmos os corpos se esconderam;

Esperanças e luzes se acenderam,

Mas no meu peito a dor permanecia.

 

Meu coração, febril, forte batia,

Velas de um navio que romperam,

Ilusões que jamais se recuperam…

Marinheiro que no mar alto morria.

 

Não há luta, nem resiliência,

Tudo ferve no caldeirão da morte;

Eu, no reino calmo da paciência,

 

Liberto pra sempre das leis da sorte,

Choro em silêncio a minha ausência,

Meu pobre destino, o meu desnorte.
 
 
 
 
 
 
 
 *
 
 
UMA VIDA ASSIM
(184)
 
Colhi sonhos no auge da ilusão,
Perfumes que o tempo desfez um dia;
Sonhos pueris, de intensa magia,
Mais leves do que um simples balão.
 
Restou, no meu pequeno coração,
Um simulacro de dor, apatia;
Nos meus olhos laivos de agonia,
No meu peito sementes de paixão.
 
Continuo a viver, independente,
Sem quaisquer compromissos, sem contrato,
Livre como todas as aves do céu.
 
Passeio de continente em continente,
Deixando fragmentos do meu retrato,
Daquilo que fui, sem jamais ser eu.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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