DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
// continuação...
(1935) - GOMES, José. // No
“Notícias de Melgaço” n.º 259, de 27/1/1935, pode ler-se: «Desordem – no dia vinte, pouco antes das
dezassete horas, um grupo de rapazes e raparigas resolveu fazer uma patuscada,
com figos e vinho, junto da casa de Maria Durães, a “Sapateira”, na freguesia
de Alvaredo. Como estava muito frio, juntaram alguma lenha e fizeram uma
fogueira. Deste grupo faziam parte José Gomes, de 19 anos, e Manuel Besteiro,
de 20, solteiros, lavradores, residentes respetivamente nos lugares de
Ferreiros e Pinheiro. Quando estavam no melhor da festa, passaram por ali
Firmino Alves, de 23 anos, e Aurélio Brito, de 22, solteiros, lavradores, o 1.º
morador no lugar de Fonte e o 2.º na Charneca, que se meteram com eles, dando
ao mesmo tempo pontapés na fogueira para a apagar. Os outros não levaram o caso
a bem e pouco depois envolviam-se todos em desordem, recebendo, o Firmino, uma navalhada
nas costas, de 15 cm de comprimento e 5 cm de profundidade, e o Aurélio duas
mais pequenas, também nas costas, e outra no flanco direito. Logo que as
pessoas presentes viram os rapazes feridos estabeleceu-se grande burburinho,
acompanhado de gritaria, por parte das mulheres. O regedor compareceu
rapidamente, prendendo o José Gomes, por ser indicado pelos feridos como tendo
sido o agressor, e o Manuel Besteiro por desobediência. A requisição do
regedor, compareceram duas praças da Guarda-Fiscal do posto daquela freguesia,
que o auxiliaram a manter a ordem e conduziram depois os presos à cadeia desta
Vila. Os feridos foram conduzidos no automóvel de António da Rocha, do Peso, ao
hospital da Misericórdia, onde foram socorridos pelo Dr. Cândido Sá. O Administrador
enviou no dia seguinte os arguidos ao tribunal.»
(1935) - Na festa de Portocarreiro, Fiães, à tardinha
houve zaragata; não é por acaso que o vinho se tinha esgotado. Lê-se no
Notícias de Melgaço n.º 282, de 18/8/1935: «À noite, quando o povo debandava, deu-se um incidente
bastante triste. Começara o barulho entre portugueses e espanhóis. Alguém nos
disse que o começo foi devido a palavras menos respeitosas de uns para com os
outros. Trocadas poucas palavras, já o sangue jorrava. Um guarda-fiscal, o
senhor Manuel Lourenço, que se dirigia para a ponte, viu os feridos já da parte
de Portugal e agarrou-os para os defender da fúria dos espanhóis. Quando
praticava este acto, uma invasão de galegos, superior a cinquenta pessoas,
avançava contra os feridos, e já pisavam cinco metros de território português.
O guarda Lourenço, vendo isto, clamou – “a Espanha ainda não declarou guerra a
Portugal. Por isso, galego para Espanha e português para Portugal.” Os
espanhóis não obedeceram, obrigando o guarda a disparar três tiros. Foi o
bastante para os galegos se porem em fuga para a Espanha. O guarda Manuel
Lourenço colocou-se então no meio da ponte e não consentiu que houvesse
comunicação de portugueses com galegos. Os outros guardas-fiscais, que andavam em
serviço, ouvindo os tiros acorreram ao local para ajudar o colega a
restabelecer a ordem. Os ânimos estavam exaltadíssimos. Encontravam-se naquele
local para cima de duzentas pessoas, segundo nos afirmaram. A acção dos guardas
foi enérgica e rápida e a ordem foi restabelecida. É justo salientar e louvar
neste momento a acção da guarda-fiscal do posto de Portocarreiro, de um modo
especial a de Manuel Lourenço, para quem, em nome da Junta de Freguesia,
pedimos um voto de louvor da parte dos seus superiores. Dizemos que deve ser
louvada a guarda porque evitaram o derramamento de muito sangue e mortes. Não
só repeliram os galegos, mas ainda abateram o ânimo de alguns portugueses que
se encontravam exaltados; facto, este, que os carabineiros não imitaram, segundo
nos contam. Aquando da entrada das cinquenta pessoas galegas em território
português, dizem que um carabineiro, de pistola empunhada, auxiliava, e
caminhava à frente dos seus compatriotas. Oxalá reine sempre a paz entre
portugueses e galegos, para bem e tranquilidade dos povos raianos.» // Ver NM 290, de
10/11/1935.
*
(1937) - Na festa de Santa Rita, Rouças, realizada a
17/5/1937, devido «às libações do deus Baco, envolveram-se em desordem
alguns indivíduos que vieram terminar as suas contendas na vila, onde se
agrediram mutuamente e puseram, por momentos, a nossa pacata terra em estado de
sítio» (ver NM 354, de 23/5/1937).
*
(1937) - Nas festa de Santo António, que se realizou em
Cousso a 10/10/1937, domingo, houve coça e tiros entre os de Virtelo e os da Cela,
acabando por morrer, abatido a tiro, Maximino de Lima, solteiro, natural de São
Cosme, Gave (ver NM 372, de 17/10/1937).
*
(1939) - DOMINGUES,
Manuel José. Filho de Manuel José Domingues e de Ana Rosa Domingues, ele de
Laceiras e ela de Várzea Travessa, onde habitavam. Neto paterno de Manuel
Domingues e de Maria Luísa Domingues; neto materno de Manuel Domingues e de
Clara Pires. Nasceu em Castro Laboreiro a 1/3/1884 e foi batizado no dia
seguinte. Madrinha: a avó paterna. // Casou com Isabel Domingues, na CRCM, a
18/9/1915. // Morreu a 27/2/1940 (ver NM 486, de 17/3/1940). // Nota:
deve tratar-se do mesmo senhor que vem mencionado no Notícias de Melgaço n.º
444, de 14/5/1939: «na noite de
3/5/1939 Vitorino Domingues (o Moucho) e seu irmão Manuel
José Domingues, de Várzea Travessa, envolveram-se em desordem, da qual resultou
ter, o primeiro, disparado três tiros de revólver sobre o segundo. Não contente
com isto, deu-lhe ainda cinco coronhadas na cabeça. O revólver foi apreendido
pelo povo e o criminoso fugiu, constando que está no lugar do Rodeiro. Os tiros
atingiram a vítima num braço e em uma perna. Ignoram-se as causas da desordem.»
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