domingo, 9 de agosto de 2020

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
 
Por Joaquim A. Rocha




// continuação...

(1935) - GOMES, José. // No “Notícias de Melgaço” n.º 259, de 27/1/1935, pode ler-se: «Desordem – no dia vinte, pouco antes das dezassete horas, um grupo de rapazes e raparigas resolveu fazer uma patuscada, com figos e vinho, junto da casa de Maria Durães, a “Sapateira”, na freguesia de Alvaredo. Como estava muito frio, juntaram alguma lenha e fizeram uma fogueira. Deste grupo faziam parte José Gomes, de 19 anos, e Manuel Besteiro, de 20, solteiros, lavradores, residentes respetivamente nos lugares de Ferreiros e Pinheiro. Quando estavam no melhor da festa, passaram por ali Firmino Alves, de 23 anos, e Aurélio Brito, de 22, solteiros, lavradores, o 1.º morador no lugar de Fonte e o 2.º na Charneca, que se meteram com eles, dando ao mesmo tempo pontapés na fogueira para a apagar. Os outros não levaram o caso a bem e pouco depois envolviam-se todos em desordem, recebendo, o Firmino, uma navalhada nas costas, de 15 cm de comprimento e 5 cm de profundidade, e o Aurélio duas mais pequenas, também nas costas, e outra no flanco direito. Logo que as pessoas presentes viram os rapazes feridos estabeleceu-se grande burburinho, acompanhado de gritaria, por parte das mulheres. O regedor compareceu rapidamente, prendendo o José Gomes, por ser indicado pelos feridos como tendo sido o agressor, e o Manuel Besteiro por desobediência. A requisição do regedor, compareceram duas praças da Guarda-Fiscal do posto daquela freguesia, que o auxiliaram a manter a ordem e conduziram depois os presos à cadeia desta Vila. Os feridos foram conduzidos no automóvel de António da Rocha, do Peso, ao hospital da Misericórdia, onde foram socorridos pelo Dr. Cândido Sá. O Administrador enviou no dia seguinte os arguidos ao tribunal  

 
 

(1935) - Na festa de Portocarreiro, Fiães, à tardinha houve zaragata; não é por acaso que o vinho se tinha esgotado. Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 282, de 18/8/1935: «À noite, quando o povo debandava, deu-se um incidente bastante triste. Começara o barulho entre portugueses e espanhóis. Alguém nos disse que o começo foi devido a palavras menos respeitosas de uns para com os outros. Trocadas poucas palavras, já o sangue jorrava. Um guarda-fiscal, o senhor Manuel Lourenço, que se dirigia para a ponte, viu os feridos já da parte de Portugal e agarrou-os para os defender da fúria dos espanhóis. Quando praticava este acto, uma invasão de galegos, superior a cinquenta pessoas, avançava contra os feridos, e já pisavam cinco metros de território português. O guarda Lourenço, vendo isto, clamou – “a Espanha ainda não declarou guerra a Portugal. Por isso, galego para Espanha e português para Portugal.” Os espanhóis não obedeceram, obrigando o guarda a disparar três tiros. Foi o bastante para os galegos se porem em fuga para a Espanha. O guarda Manuel Lourenço colocou-se então no meio da ponte e não consentiu que houvesse comunicação de portugueses com galegos. Os outros guardas-fiscais, que andavam em serviço, ouvindo os tiros acorreram ao local para ajudar o colega a restabelecer a ordem. Os ânimos estavam exaltadíssimos. Encontravam-se naquele local para cima de duzentas pessoas, segundo nos afirmaram. A acção dos guardas foi enérgica e rápida e a ordem foi restabelecida. É justo salientar e louvar neste momento a acção da guarda-fiscal do posto de Portocarreiro, de um modo especial a de Manuel Lourenço, para quem, em nome da Junta de Freguesia, pedimos um voto de louvor da parte dos seus superiores. Dizemos que deve ser louvada a guarda porque evitaram o derramamento de muito sangue e mortes. Não só repeliram os galegos, mas ainda abateram o ânimo de alguns portugueses que se encontravam exaltados; facto, este, que os carabineiros não imitaram, segundo nos contam. Aquando da entrada das cinquenta pessoas galegas em território português, dizem que um carabineiro, de pistola empunhada, auxiliava, e caminhava à frente dos seus compatriotas. Oxalá reine sempre a paz entre portugueses e galegos, para bem e tranquilidade dos povos raianos// Ver NM 290, de 10/11/1935.

 

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(1937) - Na festa de Santa Rita, Rouças, realizada a 17/5/1937, devido «às libações do deus Baco, envolveram-se em desordem alguns indivíduos que vieram terminar as suas contendas na vila, onde se agrediram mutuamente e puseram, por momentos, a nossa pacata terra em estado de sítio» (ver NM 354, de 23/5/1937). 

 

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(1937) - Nas festa de Santo António, que se realizou em Cousso a 10/10/1937, domingo, houve coça e tiros entre os de Virtelo e os da Cela, acabando por morrer, abatido a tiro, Maximino de Lima, solteiro, natural de São Cosme, Gave (ver NM 372, de 17/10/1937).

 

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(1939) - DOMINGUES, Manuel José. Filho de Manuel José Domingues e de Ana Rosa Domingues, ele de Laceiras e ela de Várzea Travessa, onde habitavam. Neto paterno de Manuel Domingues e de Maria Luísa Domingues; neto materno de Manuel Domingues e de Clara Pires. Nasceu em Castro Laboreiro a 1/3/1884 e foi batizado no dia seguinte. Madrinha: a avó paterna. // Casou com Isabel Domingues, na CRCM, a 18/9/1915. // Morreu a 27/2/1940 (ver NM 486, de 17/3/1940). // Nota: deve tratar-se do mesmo senhor que vem mencionado no Notícias de Melgaço n.º 444, de 14/5/1939: «na noite de 3/5/1939 Vitorino Domingues (o Moucho) e seu irmão Manuel José Domingues, de Várzea Travessa, envolveram-se em desordem, da qual resultou ter, o primeiro, disparado três tiros de revólver sobre o segundo. Não contente com isto, deu-lhe ainda cinco coronhadas na cabeça. O revólver foi apreendido pelo povo e o criminoso fugiu, constando que está no lugar do Rodeiro. Os tiros atingiram a vítima num braço e em uma perna. Ignoram-se as causas da desordem
 
 // continua...

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