OS NOVOS LUSÍADAS (…)
Por Joaquim A. Rocha
Malaca,
Ormuz, a formosa Goa,
Passam
a ser do reino português.
Foram
orgulho da real coroa,
Mais
importantes do que Ceuta e Fez.
Estas praças, tão longe de Lisboa,
Tornam-se
lusas como o rio Vez.
E
para que haja absoluta certeza
Semeiam
lá a língua portuguesa.
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O
Lopo Soares de Albergaria,
Homem
de armas, terceiro vice-rei,
Devoto
da mãe de Jesus, Maria,
Em
Ceilão impõe a força, sua lei,
Feita
de espada, de vil tirania;
E
mais o que ele fez, nem eu sei.
Que
interessa Colombo conquistar
Se
logo depois a vai entregar?
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Tomam
a fortaleza de Safim,
À
cabeça Diogo de Azambuja…
Mas
que malta tão afoita e ruim,
Que
faz que aquela boa gente fuja.
Roubaram
pimenta, ouro, marfim…
Eis
a bestial festa da maruja!
E
para que mais nada reste
Deixaram
lá escorbuto e peste.
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E
diziam-se eles homens cristãos,
Aquelas
verdadeiras feras à solta;
Os
olhos vítreos, sujas as mãos,
Sempre
em pé de guerra, em revolta.
Matavam
por prazer, os cidadãos
Daquelas
pobres terras ali à volta.
Não
tinham pena, dó, nem consciência,
Cultivavam
no lazer a violência.
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Ai
rei de Portugal e dos Algarves,
Senhor
da Guiné, daquém, dalém mar,
Ente
vaidoso, chefe dos alarves,
Perito
em mentiras, em intrujar;
Pede
perdão aos céus, não tardes,
Porque
o teu tempo está a terminar.
Entrega
a satanás a tua alma
Pra
ele te dar na morte paz e calma.
// continua...
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