DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
ZARAGATAS
(1916) - MARTINS,
António. // Nasceu em Perre, Viana do Castelo. // Em 1916 era solteiro e morava
no Peso, lugar da freguesia de Paderne; tinha a profissão de engraxador. // A 29/6/1916 foi
agredido brutalmente por Gustavo Marques Braga, conhecido por “Augusto Braga”,
de Paranhos, Porto, morador acidentalmente no lugar de Várzea, Paderne, o qual
foi preso e encerrado na cadeia da Vila de Melgaço. Os dois envolveram-se em
pancadaria à porta do hotel Ranhada, porque um deles, certamente o Martins,
atirou à rua uma caixa de pomada em mau estado e o outro aproveitou-a para lhe
fazer concorrência. Em virtude do Martins ser aleijado, António Cortes, casado,
de Apião, chamou a atenção do agressor para esse facto, mas este ameaçou-o com
uma faca (ver Correio de Melgaço n.º 205, de 2/7/1916).
(1919) - ALVES, Ricardo. Filho de --------- Alves e de
-----------------------------------------. Nasceu a --/--/1---. // Lê-se no
Jornal de Melgaço n.º 1257, de 3/8/1919: «Está em moda,
nas romarias, à tarde ou à noite, haver grossa bordoada. Em Pomares, quando no
dia 25 se realizava a festividade em honra de São Tiago (Santo Iago), foi o que
se viu. No dia 27, quando em Paços se realizava a festividade em honra de Santa
Ana, também não faltou a traulitada entre a rapaziada de Paços e a de Chaviães.
Que ela se desse em Pomares, quando se festejava o São Tiago, admitimos, visto
tratar-se de um herói na traulitada aos moiros; mas tratando-se da avó de
Jesus, que decerto devia ser toda bondosa, parece que não fica bem. Mas, como
os desordeiros acham sempre bem, toda a vez que podem pregar a sua traulitada,
à tarde, pouco depois de recolher a procissão, houve alguns socos, misturados
com bengaladas, o que deu em resultado alguns dos de Paços virem até ao lugar
do Esporão onde perguntaram aos de Chaviães se queriam guerra ou harmonia. E
como os de Chaviães respondessem que se estavam ali era para bater, e como logo
em seguida fizessem com uma traulitada baixar ao chão o Ricardo Alves, de
Paços, os companheiros deste desafrontam-no, fazendo também ir a terra uns
quatro ou cinco de Chaviães. Não podemos de forma alguma elogiar tais proezas,
mas se temos de censurar estas, como não devemos classificar o facto de os
“valentes” de Chaviães, depois desse dia, baterem em qualquer pessoa que à
Portela do Couto passasse, pelo simples facto de ser de Paços? Desconhecemos as
razões anteriores que naquele dia os levaram a vias de facto, não podendo, por
isso, avaliar bem a responsabilidade de cada grupo, mas o que toda a gente,
desconhecendo embora essas razões e até esses factos, tem de censurar com toda
a energia dos seus nervos, é o facto de certos “valentes” da Portela do Couto
baterem há dias numa mulher de Sá, conhecida por Maria do Romão. Essa mulher
deve ter 60 anos de idade aproximadamente, é viúva e doente, e vive distante um
único filho que tem. Nada mais julgo necessário para aquela mulher ser digna de
todo o respeito; mas os “valentes” da Portela não o entenderam assim. Saem à
estrada, onde lhe perguntam de onde é, e – como ela dissesse que era de Paços –
dão-lhe logo duas bofetadas. Por acaso será crime o ser natural de Paços porque
os desta freguesia bateram nos de Chaviães? Mais juízo, ó “valentes” da
Portela, pois do contrário teremos de chamar a atenção da digna autoridade
administrativa para as vossas proezas, mandando-vos chamar a capítulo!»
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