DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
Igreja de São Vicente, Braga |
ROUBOS
(1936) - Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 333, de
22/11/1936: «Na madrugada do dia 14 deste mês os
Filhos da Noite, temível quadrilha de gatunos que infestam o nosso concelho,
penetraram na adega da Sr.ª Rosa Alves Domingues (Cabanal), no lugar da
Corredoura, Prado, onde beberam todo o vinho que lhes apeteceu. Em seguida
foram estroncar a fechadura da porta do estabelecimento comercial, pertencente
ao Sr. Amadeu Ribeiro, mas não foram bem-sucedidos porque as portas e a
fechadura resistiram à violência do ataque, não podendo por isso os gatunos
fazer a projetada limpeza no estabelecimento. O Sr. Amadeu Ribeiro esteve com
sorte. // Os filhos da noite assaltaram também o estabelecimento
do Sr. Manuel José Lopes, no lugar de Pomares, Paderne, roubando alguns tecidos
de algodão, lenços, meias, chocolates e outros objetos, assim como 60$00 em
dinheiro. Calcula-se o valor do roubo em 300$00. // Uma das últimas noites os amigos do alheio também
quiseram roubar o estabelecimento comercial que o Sr. Patrício Esteves possui
no lugar da Telhada Pequena, Penso, tendo chegado a perfurar as portas com um
trado. Pressentidos os assaltantes, conseguiu o Sr. Patrício Esteves
persegui-los a tiro. // Na noite de 10 deste
mês os Filhos da Noite introduziram-se por meio de arrombamento no
estabelecimento do Sr. Manuel Luís Martins, do lugar de Felgueiras, Penso,
roubando diversos objetos, entre os quais 1 relógio e corrente de prata, 1
retalho de cotim, riscados, ceroulas e miudezas no valor de 200$00. Os gatunos
teriam feito maior razia no estabelecimento, pois tinham acondicionado em
caixões muitos artigos que tiveram de abandonar por terem sido pressentidos por
um grupo de rapazes que regressavam de um serão, pondo-se os gatunos em fuga.
//
Os gatunos roubaram ao Sr. Hilário Nunes,
do lugar do Pomar, Penso, duas cabras, das melhores que tinha no rebanho.
*
(1937) - Em 1937 os “filhos
da noite” penetraram na residência do padre de Chaviães, roubando-lhe a carne
de um porco, azeite, lençóis e outras coisas mais. A autoridade do concelho
prendeu para averiguações diversos indivíduos daquela freguesia (NM 343, de 17/2/1937).
*
(1937) - CASTRO, Manuel. Filho de Joaquim Nunes de
Castro, guarda-fiscal, natural de Messegães, Monção, e de Angelina Rosa
Rodrigues, lavradeira, natural de Pontepedrinha, Prado de Melgaço. Neto paterno
de Luís Manuel Nunes de Castro e de Marcelina Rosa Alves; neto materno de João
Evangelista Rodrigues e de Maria da Encarnação Rodrigues. Nasceu na freguesia
de Prado a 9/3/1903 e foi batizado na igreja paroquial a 16 desse mesmo mês e
ano. Padrinhos: a sua avó paterna e São Lourenço. // Aprendeu a profissão de
serralheiro. // A 12/1/1936 iriam ser arrematados em hasta pública duas casas,
ambas na Rua do Carvalho: a 1.ª por 2.000$00 e a 2.ª, metade pró-indiviso, com
altos e baixos, por 500$00; além de uma leira na Fonte da Vila (produção de pão
e vinho), por 2.000$00. Estes bens pertenciam ao viúvo António Rodrigues, que
já morara na Vila, e iam à praça para pagamento do passivo descrito e aprovado
no inventário feito por morte da mulher, do qual era credor Manuel Nunes de
Castro, industrial. // A 15/3/1937 os ladrões
assaltaram o seu estabelecimento comercial, sito no Largo Hermenegildo Solheiro
(hoje rua), levando bacalhau, tabaco, sardinhas e atum em conserva, além de
outros artigos, assim como 41$50 em dinheiro português e dez pesetas (NM 347). // A 27/12/1938 o dito estabelecimento foi
ameaçado pelas chamas; na cave existia um forno de pão, e foi aí que o fogo
começou, ardendo parte das traves, contudo não teve grandes consequências (NM
428). // Casou na CRCM a 24/8/1939 com Ascensão dos Ramos Rodrigues, solteira,
doméstica, natural da vila, SMP, filha de Mercedes dos Prazeres Rodrigues
(Graixa); casaram na igreja da vila a 15/2/1959. // Teve um Café e uma pequena
fábrica de gasosas, além de uma loja de cal e tijolos, e outros artigos. // No
ano de 1959 mandou construir um prédio na Rua Hermenegildo Solheiro, perto do
edifício da Câmara Municipal, defronte à sobredita loja, onde residiu com a
família, e em cujos baixos tinha comércio de materiais de construção civil. //
Possuía uns terrenos no Barral, onde produzia um excelente vinho, segundo
constava. Ele gabava-o muito: «o meu
binho do Varral não tem igual.» // Morreu na freguesia de Ramalde, cidade
do Porto, a 14/12/1982. // Com geração.
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