DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
antiga Casa das Almeidinhas (vila de Melgaço) |
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CASA DO POVO
(I) – No livro «Padre Júlio Vaz apresenta Mário»,
página 217, lê-se: «Em 17/12/1905, na
Praça da República, então do Comércio, abriu ao público o estabelecimento
comercial “A Pérola do Minho”, de Armindo de Lourdes Lourenço, que depois se
chamou “Casa do Povo”. Este estabelecimento ficava naquele prédio que hoje
pertence a Hilário Alves Gonçalves. Já agora acrescentarei que no século
passado esteve ali instalada por muitos anos a “Casa do Rainho”,
estabelecimento que aí por 1892 foi trespassado a Feliciano de Azevedo Barroso,
proprietário da “Loja Nova do Cantinho”, ao pé da Matriz, ali onde hoje se acha
a loja do “Careca”.
(II) – Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 335, de 13/12/1936: «As Casas do Povo (…) ocupam um lugar primacial na vida rural, tamanha é a sua esfera de acção e tão longe essas Instituições podem levar aos trabalhadores rurais a influência do seu benefício. Representam elas o primeiro passo para uma assistência material, moral e cultural, às populações rurais, sempre tão esquecidas, embora dignas – como nenhumas outras – de protecção, amparo e infatigável solicitude. / Só quem está em contacto com a gente do campo pode ver e sentir a sua miserável condição social. / Não basta apenas a assistência de momento, que as classes mais abastadas lhes prestam nas horas mais graves e mais agudas da sua miséria, é necessário que através das Casas do Povo se possa tornar efectiva e obrigatória a previdência social, para que ela possa abranger todos os trabalhadores rurais. / O objectivo das Casas do Povo, segundo o decreto-lei de 23/9/1933, tem por fins: - Em matéria de previdência e assistência – obras tendentes a assegurar aos sócios protecção e auxílio nos casos de doença, desemprego, inabilidade e velhice. – Em matéria de instrução – ensino aos adultos, às crianças, desportos, diversões e cinema educativo. / Sobre progressos locais – cooperação nas obras de utilidade comum, comunicações, águas, higiene pública. / Não podem tratar de actividade política e social contrária aos interesses da nação, mas podem promover a organização de sociedades cooperativas de produção e consumo… / Os fins de previdência podem ser realizados pela criação de mutualidades, para fins de assistência. / Entram na esfera de acção das Casas do Povo os dispensários, lactários-creche, e asilos para velhos e crianças. / Quanto a fins de instrução, temos a criação de pequenas bibliotecas, escolas ou postos de ensino, tendo em vista o aperfeiçoamento profissional e uma educação que permita a obtenção dum nível social mais elevado. / Para se obter os benefícios que as Casas do Povo podem oferecer aos trabalhadores rurais basta apenas que os mesmos se inscrevam e paguem a módica quantia de 1$00. / Os proprietários rurais são sócios protectores natos, com a quota mínima de 5$00. O próprio Estado, desde que as mesmas preencham certas condições, pode dotá-las com 5.000$00… (Do jornal “A Terra”).» // Em 1938 surge no Notícias de Melgaço um artigo do capitão Luís de Carvalho a debruçar-se sobre o assunto, dizendo que era muito importante a existência de uma Casa do Povo no concelho (ver NM 406, de 24/7/1938). // Em Melgaço nunca existiu, que eu saiba, antes de 25/4/1974. // Em 1963 devia estar prometida uma aos castrejos, pois Manuel Domingues, no Notícias de Melgaço n.º 1470, de 8/5/1963, pergunta: «senhores responsáveis, onde está a nossa Casa do Povo?» // O terreno para a construção desta obra (cerca de 3.000 m2), na sede do concelho, foi adquirido em 1988. O projeto previa «salas de aula para o ensino primário, secretaria para funcionamento da Casa do Povo e Centro Regional de Segurança Social, sala de convívio, bar, biblioteca e sala de reuniões.» Os responsáveis por estas Casas são os C.R.S.S. // Num anúncio, surgido em A Voz de Melgaço n.º 1006, de 1/5/1994, do Laboratório Dentário de Melgaço, diz-se que este laboratório está instalado «Na antiga Casa do Povo – Loja Nova.» // A Casa do Povo mudara para os lados do Centro de Saúde. Os vereadores do PSD perguntavam em 2000: «Saberá a população… que existe um edifício com este nome? É um imóvel novo, onde foram gastos alguns milhares de contos… Que serviço presta à população do concelho? Por quem será gerida?..» (VM 1144, de 1/9/2000). // Em 2006 tinha um núcleo de andebol: «... vem desenvolvendo uma actividade continuada de grande mérito, competindo em diversos escalões e (…) dando oportunidade a cerca de 50 jovens de praticarem a modalidade de que gostam» (Melgaço Hoje n.º 22, II série, de Setembro de 2006).
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CASA RAIO DE SOL
É tutelada pelo Centro Paroquial e Social
de Chaviães, com o apoio da Segurança Social. Funciona na antiga Casa dos
Magistrados, sita na vila. Tem capacidade para onze crianças/jovens do
distrito. Em 2008 acolheu os primeiros utentes (Revista Municipal n.º 46, de
Dez./2008).
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CASA DO REGO
Sita na freguesia de Alvaredo. No século
XIX pertencia a António José de Sousa Lobato e a sua esposa, Ana Joaquina da
Rocha. Foram pais de Aires João de Sousa Lobato, casado com Florinda Gonçalves
(ver, em Penso, a sua descendência).
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CASA DO REGUENGO
Sita na
freguesia de Paderne. // No século XVI a Quinta pertencia a Fernando de Castro,
alcaide-mor de Melgaço, casado com Ana Meneses, que a vendeu – através de um
seu representante em Lisboa – a 24/3/1606, por um milhão e cinquenta mil réis,
a Inácio Velho de Araújo, mercador, com fortuna angariada em negócios vários,
sobretudo na Índia. Este Inácio veio viver para esta Quinta, chegando a ter
algum prestígio, graças ao seu dinheiro, pois foi provedor da Santa Casa da
Misericórdia de Melgaço. Como não tinha herdeiros, deixou esses bens à dita
Santa Casa. // Não tardou a ser vendida de novo: o capitão Agostinho Soares de
Castro Vasconcelos, detentor do hábito de Cristo, provedor da SCMM em 1673 e
1685, filho do capitão Miguel Castro Soares e de Madalena Felgueiras, e neto
paterno do abade Tristão de Castro, comprou-a, a 29/9/1675, à Misericórdia de
Melgaço, por 520 mil réis e um foro de oito lampreias, e depois mandou
construir ali o seu belo solar, que ainda hoje nos encanta. // Em 1759 residia
ali Agostinho Soares de Castro e esposa, Benta Antónia da Silva Sotomaior. //
Também pertenceu a José de Sá Sotomaior, antigo presidente da Câmara Municipal,
o qual, a 14/2/1868, no estado de solteiro, foi padrinho de Guilhermina
Martins, nascida em Paderne dois dias antes. // Nessa Quinta produz-se
alvarinho de qualidade. // O Solar nos últimos anos tem servido de Hotel
(quatro estrelas).
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CASA DOS RETALHOS
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