DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
ZARAGATAS
Ao longo dos séculos sempre foram surgindo
zaragatas, zangas seguidas de porrada, ocasionadas algumas por razões de lana-caprina.
As autoridades tentavam intervir, acalmar os ânimos, mas quantas vezes já era
tarde, pois já havia uma cabeça rachada, uma perna partida, um osso do corpo
fora do sítio. A violência em Portugal começou logo no século XII: o partido de
Afonso Henriques luta contra o partido de sua mãe, D. Teresa. Quando Afonso se
torna rei guerreia contra cristãos e mouros. Enfim, a história do nosso país é
feita também de batalhas, de guerras civis, de revoluções. Todos os problemas
se tentavam resolver através de uma simples disputa ou de uma guerra
prolongada. Até parece que o diálogo, a compreensão, o civismo não fazem parte
do nosso dia-a-dia. Os tribunais estão sempre cheios de processos cuja causa é
a violência: seja doméstica ou de outra qualquer espécie. Eu devo ser dos
poucos portugueses que até agora nunca entrou num tribunal ou em uma cadeia. No
entanto, tive de participar, embora contrariado, na chamada guerra colonial. O
governo de Salazar não quis negociar com os africanos que desejavam a
autonomia, ou independência, das ex-colónias, e o resultado foi aquele que se
viu: treze anos de guerra, morrendo, e ficando feridos milhares e milhares de
jovens. Estes conflitos que seguem, comparados com as guerras, são de pequena
monta, quase insignificantes, mas o meu objetivo é demonstrar que os
portugueses em geral não são, ao contrário do que se afirma, cem por cento
pacíficos. As rixas surgem aqui e ali, por dá cá aquela palha. O ser humano,
quando é contrariado, enerva-se; a seguir vem a discussão, depois a briga. Devíamos
tomar, por precaução, uns calmantes, a fim de se evitarem as questiúnculas,
pelo menos as desnecessárias.
(1907) - Nos dias 24 e 25
de Agosto de 1907, e a fim de manter a ordem, esteve em Penso, na festa de São
Bartolomeu, uma força de quinze praças, comandadas pelo alferes Machado,
requisitada pela autoridade administrativa de Melgaço.
*
(1912) - MONTEIRO, Dinis.
Filho de -------- Monteiro e de -----------------------. Nasceu a --/--/18--.
// A
12/8/1912 foi condenado em processo de polícia correcional, por ofensas
corporais, a vinte dias de prisão e cinco dias de multa a 200 por dia (Correio de Melgaço n.º 11).
*
(1912) - DOMINGUES, Casimiro. Filho de
José Joaquim Domingues, lavrador, natural de Paderne, e de Maria Joana
Fernandes, lavradeira, natural de Penso, moradores em Barreiros. Neto paterno
de Manuel José Domingues e de Marcelina Fernandes; neto materno de António José
Fernandes e de Maria Joaquina Gonçalves. Nasceu em Penso a 28/9/1885 e foi
batizado nesse dia. Padrinhos: Francisco Luís Domingues e esposa, Maria Rosa
Fernandes, rurais, de Felgueiras. // A 9/10/1912 agrediu com um varapau, na feira do
gado, Eduardo de Barros, casado, natural de Paços, causando-lhe um ferimento na
cabeça, tendo de ser tratado pelo médico Dr. Vitoriano de Castro; constava que
Eduardo lhe vendera um touro e agora reclamava o seu pagamento; porém, o
Casimiro recusava dar-lhe o dinheiro, dizendo que o touro escornava, por isso
que o fosse buscar à sua corte, em Penso, o que o vendedor achava injusto pois
tinha-lho vendido na feira. O agressor, para não ser preso, fugiu (ver Correio de Melgaço n.º 19, de 13/10/1912). // Casou na Conservatória do Registo Civil de Melgaço a 13/11/1916
com Constança Rodrigues Torres, de vinte e seis anos de idade, sua conterrânea,
filha de Anastácio Rodrigues de Lima e de Maria José da Rocha. // Morreu na freguesia
de Penso a 2/3/1948. // A sua viúva finou-se a 29/10/1965. // Pai de
Alexandrina e de Maria, gémeas.
*
(1913) - RODRIGUES,
Romão. // Era conhecido por “Cândido Rodrigues”, e morava no lugar da Nogueira,
freguesia de Paderne. // Juntamente com José Fernandes, morador no lugar do
Convento, na noite de uma terça-feira, bem avinhados, dirigiram-se a casa de
Pedro da Nogueira à procura de um seu neto, com quem Romão tivera dias antes
uma altercação; como não estivesse em casa, esperaram-no; quando chega, desatam
à bordoada nele, tendo de gritar por socorro. Acodem os velhotes, que já
estavam na cama, os quais também foram agredidos (Correio de Melgaço n.º 34, de 26/1/1913).
Sem comentários:
Enviar um comentário