DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
ARADO
Este
instrumento agrícola terá surgido na idade do bronze, na Mesopotâmia. Até 1892
existiam três tipos conhecidos de arados: o de garganta, o quadrangular e
radial. A partir desse ano temos mais um, inventado por Francisco José
Rodrigues Junior, de Cristóval (ver o jornal «Valenciano» n.º 1268, de 24/7/1892). // O
padre A. Domingues escreveu um artigo em A Voz de Melgaço n.º 936, de 1/4/1991,
dando-lhe o título “Engenhos rudimentares que existiram em Parada do Monte – o
arado”. Diz-nos ele: «é de todos bem
conhecido o utensílio da lavoura a que se chama o arado. Do que nem todos terão
conhecimento é das várias modalidades existentes nesta localidade, desde há cem
anos, sem falarmos em tempos mais recuados. O mais antigo, de que há memória,
consistia em três peças de madeira, trabalhadas simplesmente com a machada, sem
molduras de espécie alguma, às quais se adicionava um bico de ferro para
perfurar a terra. A primeira chamava-se (…) rabiça. Precisava de ter uma parte
direita para levantar a terra com o referido bico de ferro na frente, e outra
com uma curva, na parte cimeira, para nela manobrar a mão do homem. No meio, de
acordo com a profundidade requerida, havia um encaixe para se ligar ao temão.
Esta peça, a mais comprida, arrastava a rabiça, pelo encaixe mencionado, e a
outra extremidade, acompanhando os animais ao jugo, passando pelo meio dos
dois, sendo enlaçado por uma verga de vime, para não deteriorar o temoeiro,
peça esta de couro cru (…). Havia ainda a chavelha, outra peça de pau, junto à
canga, na parte da frente. / Para segurança, e para ficarem sempre à mesma
distância, o temão e a rabiça, havia ainda a relha que, bem segura no fundo da
rabiça, atravessava o temão, por um furo, e aí era apertado por uma cunha de
pau, ficando o arado mais aberto ou menos conforme a profundidade requerida no
solo terrestre. / Qualquer pessoa, com um pouco de boa vontade e alguma
experiência, podia, em poucas horas, fazer este utensílio da lavoura. Com ele
lavravam as terras, quer elas fossem de cultivo permanente, quer fossem os
chamados lavores cavados nos montes e depois queimados para a sementeira do centeio.
/ Volvidos tempos, apareceu um outro arado, todo de pau com duas rabiças, que
na parte de baixo ficavam unidas à coluna ou teiró e ainda ao temão. / Também
existia a relha, ou sega, tendo ainda mais a aiveca, que vulgarmente chamavam a
“pasta”, sendo esta presa ao temão, de forma que só lavrava para um lado. / O
temão apoiava-se na parte dianteira num pequeno rodado, todo de madeira. Na
argola dianteira segurava-se a cambrozela e esta à canga do gado. / Era um
objecto já mais perfeito, e com maiores vantagens, do que o primitivo já
descrito. Também ele era todo de madeira, com excepção do bico com que
terminava a aiveca ou pasta. / E parece ser certo que já não existe nenhum
arado deste género cá no nosso burgo. (…) / Depois apareceu o arado de ferro
(…), puxado pelo gado, e bem assim outro maior, e mais perfeito, atrelado ao
tractor, que é o que actualmente se usa para a maior parte das sementeiras…»
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