DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
rio Trancoso no mês de Julho e Agosto |
LUGARES
CEVIDE
Cevide (ou Cebido) é lugar da freguesia de Cristóval, concelho de Melgaço, entalado
entre o rio Minho e o rio Trancoso. // A
origem do seu topónimo é difícil de determinar, mas penso que Cebido teria sido
outrora apelido. // Nesse local foi colocado o marco número 1, significando isso que ali começa
Portugal. Mário Olímpio Máximo Monteiro, cevidense, embora nascido em 1972 no hospital da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço, depois de muita pesquisa descobriu esse dito marco, escondido há muitos anos por densas silvas, e também localizou em Cevide o antigo porto de Bergote, que os historiadores melgacenses Dr. Augusto César Esteves e padre Bernardo Pintor diziam ter existido entre as freguesias de Chaviães e Paços. // Em Cevide, e noutros lugares de Cristóval, ouvem-se cantar os
galos em dois países: Portugal e Espanha; e três províncias - Pontevedra, ao
norte, Ourense, ao nascente, e Minho, ao sul (ver Jornal de Melgaço n.º 696, de
15/8/1907 – transcrito de “A Nossa Pátria”, artigo inserido na Revista
Ilustrada). // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º 216, de 17/12/1933: «O nosso estimado conterrâneo e importante
capitalista, senhor Adriano dos Santos Sobrinho, residente, há bastantes anos,
em Lisboa, registou provisoriamente uma nascente de águas minerais que
descobriu nas suas propriedades dos Caneiros, Cevide, na freguesia de Cristóval,
deste concelho. Estiveram há dias no local da nascente dois engenheiros e o
subdelegado de saúde, senhor Dr. Cândido da Rocha e Sá, com o fim de procederem
a estudos. Desejamos que a análise dessas águas acuse propriedades medicinais
que as tornem úteis para combater algumas doenças de que sofre a humanidade, e
sejam um motivo de prosperidades para o nosso concelho e para o senhor Santos
Sobrinho ver compensados os seus trabalhos e despesas.» Sobre esse caso
nada mais se falou! // Nesse lugar existe uma capela, dedicada a Santo António,
propriedade do citado Mário Monteiro; a 21/6/1936 realizou-se ali a festa a esse
santo, atuando a charanga de Riba de Mouro.
Existe nesse lugar uma pequena ponte, moderna, a qual liga Portugal a Espanha, neste caso concreto à Galiza. A ponte antiga foi destruída aquando da guerra civil espanhola (1936-1939). Houve também nesse lugar um posto da Guarda-Fiscal, comércio, sobretudo ilegal, designado contrabando, ou frota. Enfim, teve no passado algum movimento; agora, segundo consta, não vive ali ninguém. O comércio morreu, a Guarda-Fiscal acabou, as pessoas mais novas emigraram.
Ali, no rios Minho e Trancoso, pescavam-se noutros tempos belas trutas, e demais peixes saborosos. A barragem galega veio de certo modo empobrecer essa atividade.
Olá Joaquim. Estava aqui a ler este seu artigo e gostaria de o questionar em relação a dois pormenores: 1º - o Joaquim refere que a ponte em Cevide foi destruída durante a Guerra Civil espanhola. Tinha ideia que a que foi destruída nesta altura tinha sido a de S. Gregório (a velha, ao fundo da rua Verde). Ou estou enganado?
ResponderEliminar2º - Esta ponte de Cevide não aparece documentada com frequência. A travessia fronteiriça mais citada é sempre a antiga Ponte das Várzeas (ponte sempre descrita como de madeira, pelo menos desde o século XVIII, nas Memórias Paroquiais). O Joaquim tem ideia de que altura será a construção desta ponte de Cevide? Já houve quem me disse que passaria por Cevide uma via romana e que haveria aqui uma ponte romana mas sinceramente não estou muito à vontade nesta temática... Desculpe-me o interrogatório. Continuação de umas Boas Festas! Muito obrigado pela atenção. Valter.