domingo, 20 de novembro de 2016

DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO

Por Joaquim A. Rocha





ROUBOS


     Ao longo dos séculos houve sempre ladrões, pessoas sem escrúpulos, parasitas, vivendo à custa do suor alheio. Nesta rubrica vou omitir o nome dos ladrões, pois nalguns casos ainda existem descendentes e não devemos magoa-los, pois eles não têm culpa nenhuma dos erros cometidos pelos seus antepassados. Segue a ordem cronológica.

   - Em 1912 (era pároco da igreja matriz da Vila de Melgaço o padre Manuel José Domingues), alguém assaltou as caixas das esmolas, levando todo o dinheiro que continham (Correio de Melgaço n.º 14, de 8/9/1912).

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     - Assaltaram a casa de Francisco de Jesus Vaz, oficial de diligências. Foram presos A.D. e A.D. // F.P. era também um dos indigitados autores do roubo; estava em manobras militares, ficando sob prisão. A cúmplice que os denunciou ficou detida num dos quartos térreos do hospital. A venda das jóias roubadas era feita na tenda do ourives M.S.M., de Monção, que vinha fazer as feiras quinzenais (Correio de Melgaço n.º 67, de 21/9/1913). No número seguinte do jornal, escreveu-se: «Está finalmente descoberto o roubo praticado em casa de Francisco de Jesus Vaz. A glória dessa descoberta cabe ao senhor Rodrigo Augusto dos Santos, chefe da polícia cívica de Viana do Castelo, que aqui tem estado com os polícias civis da mesma cidade, n.º 12, Manuel Ferreira da Fonte, e n.º 9, António Martins de Amaro, em serviço de investigação. O Sr. Santos, que tem sido coadjuvado nestes serviços pelo secretário da administração do concelho, Maker Luís Teixeira Pinto, é duma solicitude e perspicácia pouco vulgares e incansável no desempenho dos seus deveres profissionais. A L. confessara, no dia 14, que o roubo tinha sido praticado por duas vezes, sendo a primeira pelo A.D. e F.P., e a segunda vez por ela e pelo A.D., tendo ela vendido algumas libras e as jóias a A.R.C., esposa do ourives MSM, de Monção. Depois dessa confissão foram presos AD e seu irmão AD, há dias posto em liberdade por nada se apurar contra ele. FP foi preso em Valença por ocasião das manobras, onde estava encorporado no batalhão de infantaria 3, vindo para esta Vila acompanhado do polícia número 9, aqui em serviço. Interrogado, confessou que em a noite de 5/8/1913, estando a jogar o 31, na taberna da Lúcia Fernandes, ali o procurou AD, com quem saiu pouco depois. Este, na rua, convidou-o a irem roubar o Chico, nome por que é conhecido o Francisco Vaz, indo ambos pelo quintal da casa do Vaz e encostando uma escada a uma das janelas, entraram no prédio, roubando de uma cómoda, que estroncaram, o seguinte: dezoito libras, duas correntes, sendo uma double, um par de argolas, um medalhão e dois anéis, tudo de ouro, tendo o produto do roubo sido repartido entre os dois. Declarou que vendera a um contratador de gado quatro libras e que tinha escondido dentro de uma caixa de folha-de-flandres, numa parede do antigo jardim do Sr. Durães, os restantes objectos. Em vista desta confissão, no dia 25, pelas 24 horas, a polícia acompanhou-o ao local indicado, sendo encontrado, metida na parede, uma caixa que continha: uma corrente, metade de outra, um medalhão, um relógio de senhora, quatro libras e um pinto, de prata dourada. Esteve também detido para averiguações JA, sendo posto em liberdade por nada se apurar que o comprometesse. A esposa do ourives MSM – depois de ter estado alguns dias detida e incomunicável, no edifício do hospital, foi ante-ontem posta em liberdade, mediante a fiança de 1.000$00. Serviu de fiador José Maria Moreira, e de testemunhas abonatórias Aurélio Araújo Azevedo e António Luís Fernandes. Aos autores do roubo arbitraram-lhes a fiança de 5.000$00 a cada um» (Correio de Melgaço n.º 68, de 28/9/1913). // «Ainda o roubo: foram entregues às autoridades judiciais os autores do importante roubo de jóias e libras esterlinas praticado nas noites de 5 e 16/8/1913 em casa de Francisco de Jesus Vaz, como pormenorizadamente se relatou. Conservam-se presos na cadeia desta Vila, que tem estado vigiada de noite por patrulhas de cabos de polícia. – O MGP, que durante oito dias esteve incomunicável, foi posto em liberdade no dia 29/9/1913, por nada se ter apurado que o comprometesse. – Também estiveram detidos para averiguações JEP, JAS, VJDS e EGD, sendo todos postos em liberdade por nada se apurar contra eles. Em vista deste resultado, e por terem sido chamados à sua repartição, regressaram a Viana o chefe da polícia senhor Santos e os polícias 9 e 12» (Correio de Melgaço n.º 69, de 5/10/1913). // Em audiência de júri responderam a 30/1/1914 os autores do roubo praticado em Agosto de 1913 em casa de Francisco de Jesus Vaz. O AD foi condenado em dois anos de prisão correcional e seis meses de multa a $10 por dia; a L. a vinte e dois meses de prisão e cinco meses de multa a $10 por dia; e o FP a dezoito meses de prisão e três meses de multa a $10 por dia. Todos foram condenados nas custas e selos do processo, levando-lhe em conta o tempo de prisão já sofrido. O defensor oficioso dos réus foi o Dr. António Francisco de Sousa Araújo (Correio de Melgaço n.º 85, de 1/2/1914).

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