POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
A LAMPREIADA
Há dias fui convidado,
por um amigo chegado,
para um arroz de lampreia;
o bicho era mirrado…
para o ver, só de candeia!
Para cúmulo da má sorte,
vinha impregnado de morte,
com o selo de Medeia;
denotava um travo forte,
prenúncio de diarreia.
Comi só duas rodelas,
imaginei-as morcelas,
da casa do lavrador;
e mesmo assim, as cadelas,
causaram-me imensa dor.
Jurei então, nunca mais,
enquanto houvesse mortais,
um convite aceitaria;
dêem lampreia a vestais,
aos ratos da confraria.
Eu vou comer só chirelos,
com batatas e com grelos,
cozidinhos à maneira;
outros “petiscos” nem vê-los,
já chegou a vez primeira.
Se quiserdes um conselho,
deste jovem um pouco velho,
fazei como eu vou fazer;
tende sempre bom artelho
para uma fuga empreender.
12/6/1997
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