sábado, 30 de janeiro de 2021

 

CÓNEGO E PROFESSOR DOUTOR

JOSÉ MARQUES



 

Filho de Manuel António Marques e de Isalmira de Jesus Meleiro. Neto paterno de José Joaquim Marques, natural de Fiães, e de Maria Lourenço, natural de Rouças; neto materno de Manuel José Meleiro e de Angelina Vaz. Nasceu no lugar de Lobiô, freguesia de Rouças, a 12/8/1937. Depois da 4.ª classe, que fez em 1948, ou 1949, ingressou no Seminário de Braga, onde se manteve até Julho de 1961. // Cantou missa nova na igreja da sua freguesia a 27/8/1961. Ordenou-se sacerdote a 15/8/1961 (VM de 1/3/2020). // Em Setembro de 1961 foi nomeado prefeito do Seminário Conciliar de Braga, onde esteve até 1970, tendo lecionado História Universal, Ciências Naturais, e Religião, aos alunos do 5.º ano de Humanidades. // Em Outubro de 1969 matriculou-se no Curso de História da Faculdade de Letras do Porto, acabando o curso em 1974 com a classificação final de dezasseis valores. // Em 1973, ainda como finalista, foi contratado como monitor do 4.º grupo da 2.ª Secção da Faculdade de Letras, coadjuvando o Professor Doutor António Ferreira da Cruz na disciplina de Paleografia e Diplomática. // A 14/11/1974 foi contratado como assistente eventual, passando, nos prazos legais, para a situação de assistente. // Em 1975 e 1976 frequentou, e concluiu, o curso de Bibliotecário-Arquivista da Faculdade de Letras de Coimbra. // Na igreja católica ascendeu a Cónego. // Doutorou-se em História Medieval em 1982. A sua tese de doutoramento foi publicada com o título “A Arquidiocese de Braga no século XV” e, como trabalho complementar “A Administração Municipal de Vila do Conde em 1466”, tendo ficado aprovado por unanimidade com distinção e louvor. // Em Julho de 1989 prestou provas de agregação, tendo apresentado como lição de síntese “A Assistência no Norte de Portugal nos Finais da Idade Média”. // Em Abril de 1990, na sequência de concurso nacional, foi provido como professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo-se aposentado em Fevereiro de 2003. Dava aulas nas licenciaturas de História, Ciências Documentais, e Mestrados em História Medieval. // Ministrou cursos intensivos de Paleografia na Universidade de Niterói, Brasil, e também na Faculdade de Filosofia de Braga, e na Pontifícia Biblioteca Vaticana, de Roma, e dois cursos de Diplomática e um de Codicologia na Universidade dos Açores. // «Pertence a diversas associações científicas e culturais, portuguesas e estrangeiras, e participou em numerosos congressos, colóquios e outras reuniões científicas, em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Itália, Suíça, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Áustria, Hungria, antiga União Soviética, e Brasil. Como resultado da participação nestas reuniões científicas, da colaboração em revistas nacionais e estrangeiras, em obras coletivas, livros de homenagem, conferências, etc., o número de títulos publicados ascende, atualmente (2006), a 209, sem incluir a colaboração de natureza histórica na imprensa diária e regional. Na sua investigação científica, apesar de ter abordado diversas áreas, privilegiou sobretudo a história eclesiástica e religiosa medieval da Arquidiocese de Braga.» // Tem vários livros editados, entre eles “O Mosteiro de Fiães” (1990), “Limites de Rouças e Fiães” (2005), e “A Origem da Capela de Alcobaça” (2010), e colaborou assiduamente no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Melgaço entre 2002 e 2009, e em A Voz de Melgaço, entre outras publicações, com artigos interessantíssimos. // No dia 30/4/2011, no decorrer da Feira do Alvarinho e do Fumeiro de Melgaço, foi entrevistado pelos jornalistas da RTP-1, que se encontravam presentes no local, a fim de cobrirem o evento. Nos poucos minutos que lhe concederam deu aos portugueses uma lição de história sobre a sua e nossa terra natal. // Em Dezembro de 2018 é publicado mais um livro da sua autoria: «Confirmações de Tui (1352-1382) Aspectos do episcopado de D. João de Castro.» // A 28/12/2018 foi internado no Hospital Particular de Braga, Rua do Raio, onde, a 2/1/2019, quarta-feira, foi operado a uma perna, devido a problemas com as veias. A 15/3/2019 ainda se encontrava internado nesse hospital; estava melhor da perna, mas ia ser operado à próstata, salvo erro. // Saiu do hospital em Maio de 2019 e passou a morar na residência dos sacerdotes católicos, na Rua de São Domingos, Braga, até se sentir com forças para voltar para o seu apartamento; a 4/6/2019 já andava na rua – muito magro, envelhecido, mas ainda com o cérebro lúcido. // Morou na capital do Minho desde jovem, na freguesia de São Vicente, no seu apartamento, onde faleceu na noite de 28 para 29/01/2021. // Certo dia, já há muitos anos, eu fui ao Arquivo de Braga a fim de contactar, de ver, o Cartulário do Mosteiro de Fiães. Sentei-me numa das cadeiras e um funcionário trouxe-me o manuscrito. Fiquei fascinado. Olhei para ele com carinho, folheei-o, mas não o consegui ler. O meu latim, quatro ou cinco anos, não me permitia a sua leitura. Logo que tive a oportunidade pedi ao meu amigo Professor Dr. José Marques que o traduzisse para português do nosso tempo. Não me prometeu nada, pois na altura lecionava na Universidade do Porto, além de ser membro ativo da igreja católica. No entanto, em 2016 eis que surgem nas livrarias dois extraordinários volumes do Cartulário de Fiães. Quando ambos fomos tomar café à Brasileira, em Braga, agradeci-lhe. // Melgaço, e o país, mereciam esta obra. Não traduziu o texto para português, como lhe pedira, mas o volume I, com a Introdução, Transcrição, Índices, ajudam-nos a compreender o conteúdo do Cartulário. A história de Melgaço, dos primeiros séculos, ficou enriquecida. O nosso concelho ficar-lhe-á eternamente reconhecido, grato, por este trabalho ciclópico, só possível a grandes e talentosos investigadores. // Em 2017 oferece-nos outra obra monumental, editada pela Casa Museu de Monção e Universidade do Minho, com o título “ALTO-MINHO E GALIZA – ESTUDOS HISTÓRICOS. São cerca de novecentas páginas de erudição, onde se revela longa e profunda pesquisa, numa linguagem acessível e verdadeira, própria de grandes prosadores, e cuja leitura é agradável e didática. // Portugal acaba de perder um dos seus melhores filhos. Oxalá os melgacenses jamais esqueçam este seu conterrâneo, leiam os seus inúmeros escritos, aprendam as suas inúmeras lições e as divulguem.         

 

                                                                   Joaquim A. Rocha









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