QUADRAS AO DEUS DARÁ
Por Joaquim A. Rocha
Dela saiu o bem e o mal;
O bem foi-se logo embora,
Restou-nos a semente letal.
Mata o vírus da chalaça,
Com pistola ou com a faca;
Não pode ser com fumaça,
Nem com a dura matraca.
O bichinho não tem olhos,
Orienta-se p’lo cheiro;
Na vida só há abrolhos,
Um parasita gaiteiro.
*
Se ele entrar no nariz,
Atira-lhe com pimenta;
Mata o bicho de raiz,
Com bagaço e água benta.
*
Cospe logo de seguida;
Fura-lhe as tripas c’a broca,
Dá-lhe banhos de amida.
Se ele entrar pelo tal,
Dá-lhe um tiro de canhão,
“Cheirinhos” de carnaval,
Desgostos de coração.
*
Se ele entrar p’los ouvidos
Se ele entrar p’los ouvidos
Bota-lhe azeite a ferver;
E não ligues aos
gemidos
Desse monstro a morrer.
O longo pau de Moisés;
Na cabeça usa gorro,
Lava com sal os teus pés.
Come muito, bebe bem,
E dorme o suficiente;
Ouve o senhor de Belém,
O tal amigo da gente.
Escuta o senhor da Costa,
Nosso anjo protetor;
Fala bem, não fala bosta,
É um deus, nosso senhor.
Protege-nos a todos nós,
Com ele estamos seguros;
Dentro da casca de noz,
De muralhas, altos muros.
Estamos na vil prisão,
Por cem crimes de outrora;
Sem culpas não há perdão,
Sem noite não há aurora.
Que mal fizemos ao bicho
Para sofrermos assim?
Não somos os de rabicho,
Nem anjo… ou serafim.
*
As quentes, e até mornas;
Ajudamos obras pias,
Dormimos as belas sornas.
Foge de nós, parasita,
Vai para outros universos;
Não me dês cabo da guita,
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