OS NOVOS LUSÍADAS
26
Atingem nossos nautas ferozmente…
Rezam-se
missas, reforçam-se crenças,
Mas
cada dia falece mais gente...
Os
que restam já sonham gordas tenças.
O
rei, no seu trono, está contente...
E
antes que a parca a todos mate
Tocam
os grandes sinos a rebate.
27
Perderam-se
cem naus, muitas caravelas,
Os
marinheiros que as pilotavam;
Por
sua alma queimam-se tantas velas!
Choram-se
as pessoas que se amavam...
Crentes
oram nas igrejas… capelas,
Viúvas
de dor e raiva gritavam.
O
astro-luz do ar desaparece…
O
povo lança-se ao chão numa prece.
28
E
assim o bei ganhou eterna fama
À
custa dessas vidas por cumprir;
Morreram
no alto mar, longe da cama,
Em
sofrimento atroz… a bramir.
E
quantos tombaram na suja lama,
Para
o anjo da morte bem nutrir.
Os
deuses assistiram à matança,
Mas
ficaram em paz, em segurança.
29
Gaspar
Real topou a Terra Nova,
João da Nova, Ascensão e Helena.
Aqui
e ali levavam dura sova,
A
tripulação ficava mais pequena.
O
mar profundo era a sua cova,
Todos
choram aquela triste cena.
Só
resta àquela gente a ilusão,
Forte
ânimo, o braço do capitão.
30
Pra
provar a redondeza da Terra
Magalhães
fez uma longa viagem.
Não
quis saber de lutas ou de guerra,
Ocupou-se
mais do tempo, da aragem.
Mas
destino, que tudo em si encerra,
Despojou-lhe
a vida, pô-lo à margem!
Pereceu
cangado pelo sucesso,
Não
permitindo assim o seu regresso.
// continua…
rosa natural |
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