GENTES DO CONCELHO DE MELGAÇO
Freguesia da Vila - Santa Maria da Porta
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Manuel F. Igrejas |
MAIS UM CONTERRÂNEO E AMIGO QUE NOS DEIXA
É verdade. Aos 91 anos de idade Manuel Igrejas, o grande artista melgacense, diz-nos adeus para sempre. Legou-nos a sua obra, o seu exemplo de vida. Faço votos para que não o esqueçam, tal como fizeram a outros talentos da nossa linda terra.
IGREJAS,
Manuel Félix. Filho de Francisco Augusto Igrejas e de Deolinda Augusta
Fernandes. Neto paterno de Félix Igrejas e de Conceição Costas; neto materno de
Manuel Joaquim Fernandes e de Suzana Azevedo. Nasceu na vila de Melgaço a 25/11/1928 e foi batizado
a 25 de Dezembro desse ano. Padrinhos: Manuel Sabariz e Conceição Costas. // Na
terra, foi aprendiz de alfaiate. // Aos catorze anos apanhou uma doença,
chamada tifo. // Como tinha uma letra bonita (calígrafo), foi auxiliar do solicitador Alvim. // Fez cartazes para o
Cine Pelicano, etc. // Antes da tropa esteve tuberculoso; apesar disso, depois
da inspeção militar apresentou-se no Regimento da Escola Prática de Cavalaria,
em Torres Novas. O médico Dr. Esteves passara-lhe um atestado, no qual dizia: «sofre de tuberculose estacionária.» Não
ligaram! // Embarcou para o Brasil no ano de 1952, cuja carta de chamada lhe
enviara seu tio, José Augusto Igrejas. O “Notícias de Melgaço” n.º 1036, de
10/8/1952, dá a notícia: «É com grande
pesar que vemos partir para o Brasil este nosso amigo e conterrâneo, que nesta
terra granjeou muitas simpatias. Conhecemos desde criança Manuel Félix, rapaz
inteligente, bondoso, de fino trato, cuja alma de artista não se adaptava a
esta vida de província e portanto vai procurar, cheio de esperanças, em terras
de Santa Cruz, entre estranhos, a compreensão que nem sempre encontrou entre os
seus compatriotas. De pequenino, o Manuel, como por todos era conhecido,
entusiasmou-se pela pintura, começando por desenhar paisagens com tal gosto
artístico que fazia admiração a todos que com ele conviviam. Com o tempo foi-se
revelando nele uma grande vocação para a pintura. Com trabalho e perseverança
chegou a ponto que – sem nunca ter conhecido um mestre, ou receber uma simples
explicação sobre tão grande arte, - conseguiu tirar a lápis e crayon retratos,
com uma perfeição que rivalizavam com os tirados por aqueles que frequentaram
escolas e receberam os ensinamentos dos mestres. Por todos foi muito admirada a
exposição de desenhos a aguarelas que se encontrava no “Café Melgacense”. Pena
é que estas vocações não sejam aproveitadas, porque se assim fosse o Manuel
seria um dos contemplados com a ajuda necessária para bem poder desenvolver as
suas aptidões mas, como assim não é, lá vemos partir o grande amigo que busca
no Rio de Janeiro, para onde embarca, o carinho e amparo de que é digno, para
assim poder vencer na vida. Daqui lhe endereçamos um saudoso abraço de
despedida.» // Nesse país casou, a 18/12/1954, com a conterrânea Margarida
das Dores, nascida a 2/9/1930, filha de Umberto Amadeu de Melo e de Urbana
Augusta Costas, também ela emigrante. // Arranjou de início um emprego de despachante,
mas logo verificou que não era essa a sua vocação; depois tornou-se artista
plástico, na área da azulejaria, ao empregar-se numa oficina «de decoração de louças e pintura de azulejos.»
Desenha, faz caricaturas, pinta, escreve contos, poemas, e colabora no jornal
“A Voz de Melgaço” desde o seu aparecimento em 1946, e no “Melgaço Hoje”. //
Parece que só veio visitar Melgaço duas vezes: uma em 1969 e outra em 2001. // No livro
«Padre Júlio Vaz apresenta “Mário”, paginas 276 a 280, traça-se a sua biografia.
// Ver também A Voz de Melgaço n.º 964, VM 999, VM 1008, VM 1089, VM 1198, VM 1249, de 15/6/2005,
página 8, e o livro “Frágeis Elos”, páginas 51 e 52. // Morreu a 13 de Maio de 2019. // Pai de Regina da Paz e de
Deise Lúcia. // Avô de Maria Clara, Ana Cristina, Carolina Maria e Caio
Filipe.
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