MELGAÇO: PADRES, MONGES E FRADES
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Luís Filipe G. Pinto Rodrigues |
(continuação)…
ABREU,
Francisco Gomes (Padre). Filho de Manuel Esteves da Costa e de Isabel Gomes de
Abreu (confirmar).
// A 10/11/1759, na igreja de SMP, foi padrinho de Maria Josefa, nascida quatro
dias antes, filha de José Caetano Teixeira Marinho e de Guiomar Abendanho Lira
Sotomaior, moradores nos arrabaldes da vila de Melgaço; a madrinha, Sabina
Josefa Gomes de Abreu, era irmã do padrinho. // Irmão do padre Constantino.
ABREU,
João Gomes (Padre?!) Manuel Gomes de Abreu e de Jerónima de Castro, moradores
na freguesia de Boivão, termo do Couto São Fins (futuramente
concelho de Valença). // Em Outubro de 1718 era clérigo in
minoribus e residia em Prado de Melgaço, no lugar de Ferreiros. Apesar de tudo
estar no bom caminho para ser sacerdote da igreja católica, apaixonou-se por
Mariana de Figueiroa, com quem casou por volta de 1720. Escreveu o Dr. Augusto
César Esteves: «Mais um hábito às ortigas»
(ver
“Obras Completas”, volume I, tomo I, página 70).
ABREU,
João António Gomes (Frei João da Senhora da Conceição). Filho de Manuel Gomes
de Abreu e de Ana Maria da Ribeira. Neto paterno do padre (?!) João Gomes de
Abreu e de Isabel Alves; neto materno de Filipe da Ribeira e de Angélica
Lourenço. Nasceu em Prado no século XVIII. // (Ver “Obras
Completas” de Augusto César Esteves, volume I, tomo I, página 70).
ABREU, José Joaquim (Padre). Filho de José Joaquim de Abreu (Lima e Castro Abendanho), lavrador, natural da freguesia de Alvaredo, e de Francisca
Rosa Gomes, lavradeira, natural da freguesia de Paços, moradores no lugar de São
Gregório. Neto paterno de Francisco José de Abreu (Lima e Castro) e de
Maria Engrácia de Araújo Lira de Abendanho, de Alvaredo; neto materno de Manuel
José Gomes e de Ana Rosa Esteves, de Paços. Nasceu em São Gregório, Cristóval, a
1/6/1837, e foi batizado a 4 desse mês e ano. Padrinhos: os seus avós maternos.
// Estudou em Braga. // A 26/1/1870, na igreja de Cristóval, serviu de
testemunha no casamento de Romão Benito Fernandes com Rosa Gonçalves. // Em 1879 era encomendado em SMP. // Morreu
em São Gregório, freguesia de Cristóval, a 21/8/1909, com todos os sacramentos,
com testamento, sem filhos, e foi sepultado na capela do cemitério de Cristóval.
// Era tio do Dr. José Joaquim de Abreu (1880-1938), que foi o 1.º Conservador do Registo Civil
de Melgaço.
ABREU,
Luís António (Padre). // Era vigário de Paços em 1813.
AFONSO,
António José (Padre). Filho de Manuel Afonso e de Isabel Luísa Alves, lavradores.
Nasceu no lugar de Pousafoles, Fiães, a 5/8/1809, e foi batizado na igreja do
mosteiro por frei António de Melo, dom abade e prelado ordinário do couto de
Fiães. Padrinhos: Manuel Domingues (Gandarim)
e sua esposa, Maria Rosa Domingues, do lugar de Pousafoles. // Foi ele o
fundador da capela da Senhora do Alívio, sita no dito lugar. // Morreu no lugar
onde nascera a 26/12/1903, com noventa e quatro anos de idade, com todos os
sacramentos, com testamento, e foi sepultado no cemitério local. // Irmão de
Ana Joaquina, de Manuel, de Maria Luísa, e de Rosa. // (ver A Voz de Melgaço n.º 1347, de 1/8/2012, página 26). // Nota: era conhecido
por padre Gandarinha; no livro «Padre Júlio Vaz Apresenta Mário», página 244,
diz-se que ele morreu com 107 anos de idade!
AFONSO, Domingos (Padre). // No século XVII
residia na vila de Melgaço. Não tinha cura de almas (ver “Obras Completas” de Augusto César
Esteves, volume I, tomo I, página 309).
AFONSO, João Avelino Rodrigues (Missionário).
// Nasceu em Fiães, ou Rouças, por volta de 1918. // Lê-se em “Na Terra de Inês
Negra”, do padre Júlio Vaz, página 39: «Foi
no mês de Maio de 1930, quando eu andava na 4.ª classe em Adedela, de Fiães,
Melgaço. O professor, padre João Nepomuceno Vaz, leu, no Diário do Minho, um apelo
a todos os meninos de Portugal para, desejando serem missionários, irem para o
Seminário das Missões de Tomar. O Joãozinho levantou o braço. Em Outubro estava
em Tomar.» // Sem mais notícias.
AFONSO, José de Sousa (Padre). Filho de António
Joaquim de Sousa e de Isabel Afonso, rurais. Nasceu em Mazedo, Monção. // Foi
encomendado de Alvaredo a partir de 1834, substituindo o padre Jerónimo José
Pereira Monteiro; depois foi cura e reitor desta dita freguesia. Morava no lugar da
Sobreira, onde residia também o seu irmão, Manuel de Sousa, casado com Maria Joana
Domingues Caldas Araújo. // A 12/5/1846, na igreja de Alvaredo, foi padrinho de
Joana, nascida em Alvaredo no dia anterior, filha de Manuel de Sousa e de Maria
Joana Domingues Caldas de Araújo, moradores no lugar da Sobreira. // Em 1874
pertencia ao grupo dos quarenta maiores contribuintes do concelho (OJM, de ACE, página 157 - confirmar). // Morreu a 2/5/1882
na casa de sua morada, com setenta e sete anos de idade. // Fizera testamento.
AFONSO,
José António (Padre). // No ano de 1874 era cura em Castro Laboreiro (o reitor
era o padre Manuel António Gonçalves). // Em 1912 ainda disse missa em honra de
Santa Bárbara na capela de São Bento.
AFONSO,
Justino (Padre). Filho de Justino Afonso e de Rosa Domingues. Neto paterno de
Manuel Afonso e de Maria Afonso; neto materno de Manuel José Domingues e de
Luísa Afonso. // (Sobrinho e afilhado do padre Justino Domingues, pároco que
foi da Vila de Melgaço e arcipreste do concelho). Nasceu em Parada do Monte a
11/7/1938. Depois da 4.ª classe foi para o Seminário. Recebeu a ordem (menor?)
a 15/8/1959. Subdiácono a 17/12/1960. Diácono a 18/3/1961. Presbítero a
9/7/1961. Missa Nova, na igreja da Vila de Melgaço, a 16/7/1961. Foi nomeado
pároco de Prado a 23/8/1961 e tomou posse a 10/9/1961. // Foi também pároco de
Penso e de Remoães. // A 18/2/1968, na igreja de Prado, casou António Luís de
Sousa com Maria Augusta Gonçalves. // Lecionou, na Escola Secundária de
Melgaço, a disciplina de Religião e Moral. // Morreu a 28/6/2000, após doença
prolongada. // Como padre, de corpo franzino e - segundo consta - medianamente dotado em termos intelectuais,
deu azo a que dele se contassem algumas anedotas, mais ou menos picantes. Uma
delas tem a ver com uma peça de roupa íntima da irmã, que com ele residia. A dita mana pôs a roupa
a secar em uns arames, estendal improvisado, perto de casa, e quando à tardinha
foi recolhê-la faltavam-lhe umas cuecas. Zangada, foi barafustar com o irmão,
que permitia que na sua paróquia houvesse ladrões. Aquilo, disse ela, era coisa
de raparigas, que não tendo dinheiro para as comprar as roubavam, para depois
deslumbrarem os namorados. O padre Justino ficou a meditar no caso e no próximo
domingo, à hora da missa, aproveitando a homilia, desabafa: «vejam lá a pouca vergonha, ao que isto
chegou: agora até as cuequinhas das senhoras roubam! E logo as da minha irmã,
que as comprara há pouco tempo. E não eram nenhuma porcaria – custaram-lhe os
olhos da cara! Mas eu, aqui do púlpito, aviso: se as vir vestidas eu reconheço-as!»
Claro que aquele discurso inflamado provocou mil gargalhadas. Viram malícia
onde ela não existia. // Outra historieta (também a ele atribuída) tem a ver
com tomates. Os padres das freguesias e vilas rurais tinham quase sempre uma
hortazinha, onde cultivavam aqueles produtos do dia-a-dia: couves, pimentos,
alface, tomate, cebola, cenouras, etc. Água em Prado não faltava, por isso
havia sempre fartura destas coisas em casa. Porém, num verão muito seco, os
vizinhos que moravam da parte de cima tiveram de lhe cortar a água, pois nem
para eles chegava! «O sacerdote tinha
dinheiro e eles não», pensavam. O padre Justino Afonso, vendo tudo a secar,
ficou irritadíssimo e, aproveitando de novo a sua tribuna de pregador,
insurge-se contra todos aqueles que o prejudicaram. Começou por afirmar: «Deus manda a chuva, o sol, a tempestade, a
neve. Põe-nos à prova, para depois escolher os melhores. Contudo, aqui em
Prado, parece que há gente que não receia os poderes divinos! Vejam lá:
cortaram a água e secaram-me os tomates! E por este andar secam-me tudo!»
De novo mil gargalhadas. A notícia espalhou-se rapidamente pela freguesia.
Aquelas palavras, ditas assim, faziam rir um morto, comentava-se. // Escreveu o
padre Carlos Nuno Vaz:
Existem outras anedotas do género, mas
essas são atribuídas ao padre Firmino Augusto Gonçalves Meleiro, mais conhecido por padre “Queixadas” (1884-1957), natural da freguesia de Rouças, que ele fora substituir. Duas delas
ficaram famosas: a da “Grila” (que mandou cortar) e a das «calças para baixo e saias para cima». O anedotário melgacense ficou
enriquecido sobremaneira, e graças à imaginação do povo estes ditos perduram
através do tempo. // A 26/6/2011 a junta e paróquia de Remoães prestaram-lhe
uma homenagem, pelos seus 39 anos de pároco dessa freguesia, erguendo-lhe um
pequeno monumento. Estiveram presentes a sua irmã, Maria do Carmo Afonso, o
presidente da Junta de Freguesia, José Rui Carvalho, o pároco atual,
padre-arcipreste João Paulo Torres Vieira, e o presidente da Câmara Municipal,
Rui Solheiro, que discursou perante o povo. // O principal argumento para lhe
prestarem esta homenagem tem a ver com a sua bondade – «era um homem bom» - e «a
especial relação de carinho que mantinha com as crianças e jovens, para quem
foi uma âncora de valores e um companheiro e amigo de sempre.» (A Voz de Melgaço
n.º 1334, de 1/7/2011). // Nota: era conhecido por “Justininho”.
AFONSO,
Manuel (Padre). // Em 1805, e ainda em 1817, era encomendado na freguesia de
Remoães, morava no lugar de Cima de Vila. // A 28/6/1805, na igreja de Remoães, batizou
Maria Luísa, nascida a 20 desse mês e ano, filha de Francisco Luís Gonçalves e
de Rosa Novais, moradores no dito lugar de Cima de Vila, Remoães. // A 19 de Agosto
de 1824, na igreja de Remoães, foi padrinho de Manuel Luís, nascido no
dia anterior, filho de João António Monteiro e de Luísa Maria Rodrigues,
residentes no lugar da Costa, Remoães. A madrinha era Teresa Monteiro, do lugar
da Folia.
AFONSO,
Manuel José (Padre). Filho de ----- Afonso e de ------------ Rodrigues.
Nasceu em Fiães a 13/7/1916. // Depois da 4.ª classe ingressou no Seminário;
foi ordenado sacerdote em 1940. A seguir foi nomeado pároco da Gavieira e
capelão do Santuário da Peneda, onde viveu cinquenta e cinco anos. // Tinha um
irmão, o padre João, professor do ensino primário, que deu aulas na escola oficial
da A-de-Dela, Fiães. // Ficou conhecido por “Padre Zé da Peneda”. // (Ver A Voz de Melgaço n.º 1031, de 15/6/1995).
AFONSO,
Sebastião (Padre). Nasceu na Vila de Melgaço em finais do século XVI. // Em
1618 e 1619 foi escrivão da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. Em 1634 foi
provedor. Nesse ano de 1634 instituiu o vínculo da Pigarra, encabeçado na
capela da Senhora do Amparo da Matriz, que fundou pela mesma altura. // Deve
ter falecido em finais de 1635. // Nota:
apesar de ser eclesiástico deixou um filho, António
Alves, o qual casou com Maria Gomes.
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