DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
ROUBOS
Quantas vezes eu ouvi dizer que em Melgaço nada se passava de interessante. Contudo, nas suas dezoito freguesias, ao longo do ano, algo ia acontecendo: casamentos, batizados, óbitos, roubos, agressões, festas, mortes por afogamento, incêndios, etc., tudo como nos outros concelhos do país. Muitas dessas notícias não apareciam no jornal devido em parte à carência de jornalistas profissionais. Normalmente havia dois jornais no termo de Melgaço, mas com meia dúzia de páginas, cujos textos eram escritos por amadores, alguns até com apenas quatro anos de escolaridade. Aparecia por vezes um ou dois professores do ensino primário que tinham jeito para a escrita: raridades.
(1934) - FERNANDES, Baltazar. Filho de
Francisco António Fernandes e de Maria Clemência Vilas, lavradores, residentes
em Barro (ou Bairro) Pequeno, freguesia de Penso. Neto paterno de Luís Manuel Fernandes e de Maria Luísa
Fernandes, de Casal Maninho; neto materno de Manuel Luís Vilas e de Maria
Joaquina Alves, de Pomar. Nasceu em Penso a 2/5/1873 e foi batizado dois dias depois.
Padrinhos: Vicente Vaz e sua esposa, Maria Emília Esteves Cordeiro, rurais, da Casa
do Campo. // Casou com Ermelinda de Faro. // Lê-se no Notícias de Melgaço n.º
233, de 27/5/1934: «A noite passada (17 de Maio) roubaram aos senhores
Baltazar Fernandes, Libério Esteves, e Manuel Esteves Reguengo, o milho que
tinham em três moinhos sitos nos limites do lugar de Pomar. Apresentada a
queixa hoje de manhã ao senhor regedor, esta autoridade passou buscas em duas
casas do lugar de Mós, não tendo encontrado o milho furtado àqueles senhores,
porém, numa delas encontrou, dentro de uma caixa, um saco com cesto e meio de
espigas. Interrogados os donos da casa, disseram que lhas tinha emprestado uma
pessoa do lugar das Lages, a qual confirmou esta declaração, tendo por isso o
senhor regedor abandonado as investigações. Com espanto de todos, essa pessoa
das Lages veio agora dizer que não lhe tinha dado nenhumas espigas, e uma filha
de um dos queixosos viu passar esse indivíduo junto da sua casa, pela uma hora
da noite, com um grande saco às costas. O senhor regedor comunicou o caso superiormente.
Oxalá venha a saber-se quem não teve pejo de ir roubar, principalmente, um dos
queixosos, que tem os filhos com fome.» // Morreu na freguesia de Penso a
2/5/1953. // Com geração.
(1935) - No ano de 1935 havia uma quadrilha que roubava galinhas (NM 290, de 10/11/1935).
(1936) - AZEVEDO,
Laurinda. Filha de José Joaquim Rodrigues de Azevedo e de Maria Luísa
Bernardes, artistas, moradores no lugar de Barro (ou Bairro) Grande. Neta paterna de
António José Rodrigues de Azevedo e de Marcelina Rosa de Araújo; neta materna
de Constantino Bernardes e de Maria José Gonçalves. Nasceu em Penso a 30/4/1903
e foi batizada na igreja a 6 de Maio desse ano. Padrinhos: Eduardo José de
Magalhães, proprietário, da Casa do Crasto, e Maria Esteves, jornaleira, do
lugar das Lages, solteiros, ambos de Penso. // A 25/7/1917 fez exame do 1.º
grau e obteve a classificação de ótima; era aluna da professora Amélia Emília
Curvo Semedo (Jornal de Melgaço n.º 1168). // Em 1936 queixou-se à autoridade
administrativa por lhe terem roubado de casa uma fieira, uma cruz, um
travessão, uma aliança, pulseira, uma imagem da Senhora da Conceição, tudo em
ouro, e 100$00 em dinheiro; foi presa, como suspeita, Maria, de 16 anos de
idade, solteira, de Barro Grande, Penso, acabando por confessar que fora a
autora do roubo, e seu pai, Laurentino Nóvoas, encobridor (Notícias
de Melgaço n.º 324). // Casou a 14/2/1942 com Manuel Secundino Alves, natural de Valadares,
Monção, de quem enviuvou a 30/9/1963. // Faleceu no lugar de Barro Grande, onde
morava, a 4/10/1979, e foi sepultada no cemitério de Penso. // Lê-se na sua
campa: «Estarás sempre nos nossos
corações.»
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