POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Manuel Igrejas |
POVO PORTUGUÊS
Povo que lavras as terras
E no teu peito encerras
Toda a nossa tradição;
Povo que pescas nos rios,
Sob calores e mil frios,
Prà nossa alimentação;
Em tempo de paz, na guerra,
Com ovelhas e um cão;
Povo que extrais sem mistério
Toda a espécie de minério
Em terrível condição;
Quem o teu voto pretenda,
Mas a tua sorte não!
Povo que tratas a
vinha
Para que na mesa minha
Haja pinga à refeição;
Povo que semeias o trigo,
Colhes maçãs e o figo,
Pra nossa satisfação;
Sujeitas-te a duras provas,
Para termos habitação;
Pode haver quem te “defenda”,
Quem o teu voto pretenda,
Mas a tua sorte não.
Povo que lavas as ruas,
As casas que não são tuas,
Pra nossa acomodação;
Não esperes as taludas,
Mudanças de condição;
Tu és a força da vida,
És a nossa guarida,
sem ti não havia pão;
Deixaste de ser cativo,
És o cerne da nação.
Pode haver quem te “defenda”,
Quem o teu voto pretenda,
Mas a tua sorte não!
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