sábado, 8 de setembro de 2018

OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de «Os Lusíadas» de Camões)
 
Por Joaquim A. Rocha




Primeira Parte

(1500 a 1820)


 

1

 

Em mil e quinhentos sai do Restelo

A frota comandada por Cabral;

Os navios levavam pão, vitelo,

Muita carne, conservada em sal…

Iam em busca de terras, dum selo,

Para a nobre causa de Portugal.

Descobriram, por “acaso”, o Brasil,

Rico de matas, ouro, rios mil.

 

2

 

Na frota ia Bartolomeu Dias,

Que dobrara o cabo das Tormentas,

O Nicolau, comedor de azevias,

De refeições simples mas suculentas…

Tiveram tardes quentes, noites frias,

Manhãs terríveis e mui ternurentas.

 Duarte Pacheco ia contente,

Malta do mar era a sua gente.

 

3

 

Dom Henrique, um padre franciscano,

Futuro carrasco, inquisidor, 

Com barba comprida, de muito ano,

Culto e excelente orador,

Assaz feio, coxo como Vulcano,

Era mensageiro de seu senhor.

Rezou no Brasil a primeira missa

Sem receber dinheiro ou premissa.

 

4

 

Puseram-lhe o nome de Vera Cruz

Àquele espaço belo, sem fim;

Ar puro, florestas, muita luz,

 Gente nua, com língua avessa ao latim.

Desconhecendo a morte de Jesus,

Ignorando todo o mal, o Caim.  

Amando somente a natureza,

A cor do sol, o céu, casta beleza.

 

5

 

Tentaram converter aquela gente,

Ensinando a rezar ao deus cristão;

Dizendo que estava sempre presente

Na sua alma e no seu coração…

No seu espírito, na sua mente,

Apesar de ser tal mera ilusão.

Depois de tanta luta, tanto esforço,

Não conseguem vergar o forte dorso.

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