OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de «Os Lusíadas» de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
Primeira
Parte
(1500 a 1820)
1
Em
mil e quinhentos sai do Restelo
A
frota comandada por Cabral;
Os
navios levavam pão, vitelo,
Muita
carne, conservada em sal…
Iam
em busca de terras, dum selo,
Para
a nobre causa de Portugal.
Descobriram,
por “acaso”, o Brasil,
Rico
de matas, ouro, rios mil.
2
Na
frota ia Bartolomeu Dias,
Que
dobrara o cabo das Tormentas,
O
Nicolau, comedor de azevias,
De
refeições simples mas suculentas…
Tiveram
tardes quentes, noites frias,
Manhãs
terríveis e mui ternurentas.
Duarte Pacheco ia contente,
Malta
do mar era a sua gente.
3
Dom
Henrique, um padre franciscano,
Futuro
carrasco, inquisidor,
Com
barba comprida, de muito ano,
Culto
e excelente orador,
Assaz
feio, coxo como Vulcano,
Era
mensageiro de seu senhor.
Rezou
no Brasil a primeira missa
Sem
receber dinheiro ou premissa.
4
Puseram-lhe
o nome de Vera Cruz
Àquele
espaço belo, sem fim;
Ar
puro, florestas, muita luz,
Gente nua, com língua avessa ao latim.
Desconhecendo
a morte de Jesus,
Ignorando
todo o mal, o Caim.
Amando
somente a natureza,
A
cor do sol, o céu, casta beleza.
5
Tentaram
converter aquela gente,
Ensinando
a rezar ao deus cristão;
Dizendo
que estava sempre presente
Na
sua alma e no seu coração…
No
seu espírito, na sua mente,
Apesar
de ser tal mera ilusão.
Depois
de tanta luta, tanto esforço,
Não
conseguem vergar o forte dorso.
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