POEMAS DO VENTO
Por Joaquim A. Rocha
OS COBARDES TAMBÉM SE ABATEM
Tenho medo do cobarde,
que escreve e não assina:
oferecendo-lhe eu a face,
pelas costas me
assassina!
Tenho medo do cobarde,
que cospe em nós seu
veneno:
dá mentira por verdade,
foi assim desde
pequeno!
Atua de noite, em silêncio,
na sombra… na escuridão:
tem prà traição um compêndio
escrito por própria mão!
Tem medo da luz do sol,
vive de cara
encoberta:
seus olhos, são um farol
em busca de presa certa.
Logo que vê sua presa,
isto é, a gente
honesta,
ataca feroz, de surpresa:
como lobo, como besta.
E logo foge, o ladrão,
na sombra se refugia;
vai lavar a suja mão
do sangue que a tingia.
Meu pobre pseudo vate,
a quem musa não inspira:
posso apenas comparar-te
a Nero, tocando lira!
Vai-te de mim porco sujo,
verdadeira alma
penada;
vai prò mundo do sabujo,
não te negará a entrada!
Julgas, moço, que és poeta;
pobre louco, que ilusão!
Eu não quero ser profeta,
mas não te iludas em vão.
Vai para o monte, qual asceta,
medita em calma solidão;
escreve prosa – nessa faceta
serás émulo d’Ortigão!
E vive – sobretudo vive.
A vida não é só reflexão;
sabes, o homem não sobrevive
quando apenas vive em comunhão
com o seu egocentrismo e revive
uma época que não é a sua.
Descobre o mundo, descobre a rua;
deixa a lua aos poetas.
Desce à terra e pisa forte o chão;
carrega a tua arma, dispara as tuas setas.
Não hesites: a farpa do Ramalho é tua.
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