DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO
Por Joaquim A. Rocha
desenho de Sílvia Neto (?) |
CRIMES
Em todos os tempos, e em todos os lugares
do planeta, se cometeram e cometem crimes; alguns deles graves, outros menos.
Nem todos os criminosos foram punidos. Estou a lembrar-me, por exemplo, do
presidente dos Estados Unidos da América, Truman, que mandou lançar bombas
atómicas sobre duas cidades do Japão no ano de 1945, matando criminosamente milhares e
milhares de pessoas. Será que o facto de estar em guerra justificava tal atitude? Em Melgaço têm surgido alguns crimes ao longo dos séculos,
mas nem todos, devido sobretudo à inexistência de jornais, e à falta de
conservação dos mesmos quando existem, ficaram registados para a posteridade.
Pelo menos três deles são conhecidos: o de Castro Laboreiro, o de Vilar (Alvaredo), e o da Gave. // Eis os crimes cometidos, por ordem cronológica:
(1847) - SOARES, José António. // Morreu
(segundo
constava devido a uma pancada com uma sacha de crista que lhe enterraram na
cabeça; dizia a vítima, antes de fechar os olhos, que fora um criado do José
“Galo” e o próprio “Galo”). // Estava casado com Teresa Alves e moravam
na freguesia da Vila, SMP. Foi sepultado na igreja matriz a 3/6/1847,
com ofício de seis padres, por esmola. /// Comentário:
estes crimes normalmente ficavam impunes, pois não havendo testemunhas era
quase impossível provar que foi este, ou aquele, o criminoso.
(1870) - GARCIA, Joaquina Rosa. Filha de João Garcia e
de Maria Esteves, lavradores. Nasceu na freguesia de Penso por volta de 1808. // Lavradeira.
// Faleceu a
27/9/1870, com 62 anos de idade, viúva de Manuel Caetano Rodrigues,
e foi sepultada na igreja. // Escreveu o pároco: «encontrou-se
assassinada em sua própria casa,
no lugar das Lages, Penso.» E mais à frente: «declaro que a finada tinha recolhido em sua casa um rapaz natural da
Galiza, não tinha dado terra certa em alguns dias que tinha estado nesta
freguesia, procurando casa aonde se justasse para servir, sucedeu no dia 27 um
filho da finada, por nome António José Rodrigues, e uma filha da mesma, Maria
Teresa Rodrigues, saírem para a feira do dia vinte e sete, ficando a mãe destes
com o criado em casa, e ao recolherem-se daquela acharam sua mãe morta, tendo
desaparecido o criado, que levara um relógio, vestiu-se com calça, colete,
jaqueta, camisa e chapéu, do filho da finada, deixando os andrajos com que
andava vestido antes, e a camisa com sangue nos pulsos, aparecendo rasto de
querer abrir uma caixa, com uma machada, martelo, cinzel, tudo da mesma casa, o
que tudo indica ser o matador o mesmo criado, a quem o guarda do barco de Sela
tirou o relógio que lhe quis vender, por o dito guarda suspeitar era furtado e
o mandou para seu dono ao depois de inteirado do sucedido. Fiz esta declaração
para constar.» MJEC.
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