sexta-feira, 18 de maio de 2018

OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de Os Lusíadas de Camões
 
Por Joaquim A. Rocha





                // continuação...



33
 

«Ilíada», «Odisseia», de Homero,

São monumentos da literatura;

Eu, na minha escrita me esmero,

Mas germina sempre seca e dura…

Melhorar minha obra eu bem quero,

Mas o que nasce torto não tem cura.

Não lhe chamem a isto epopeia,

Pois não nasceu de Crono e de Reia.

 
                                   34

 

           Um poema será (assim o creio)…

Mal cozinhado, chocho, sem tempero;

Prédio sem beleza, sem esteio,

Causando no leitor o desespero…

Talvez o rasgue, o corte a meio,

O reduza a nada, simples zero.

Vai transformar-se em ruim exemplo,

Numa ruína de estranho templo.

 
                                     35

 
         E vós, pessoas das outras nações,

Entendei bem aquilo que vos digo:

Tudo que eu faço vale só tostões,

O crédito de um pobre mendigo…

Não sonhem, não tenham ilusões,

Não tomem o cego por testigo.

Eu bem quis fazer estrofes perfeitas,

Mas nasceram, coitadas, com maleitas.

36


Portugal é uma grande varanda

Donde se avista o mundo inteiro; 

Nesta república o povo manda,


Seja diretor, humilde barbeiro…

Evita-se a luta, a demanda,

Pois a paz ocupa lugar cimeiro.

Nascemos na península ibérica,

Filhos de África, Ásia, América...

 
37

 Temos a nossa própria cultura,



  Por cá há bons e maus temperamentos;

Nos olhos há laivos de serradura,

Nos corações ainda há tormentos…

Na aldeia inda se vê ferradura

Pra evitar ímpios pensamentos.

Nalguns lares reina superstição,

Felizmente em vias de extinção.

 
38

 
    Antigos celtas, que por cá andaram,

Trouxeram-nos patranhas, mitos, lendas;

Gregos e cartagineses lutaram,

Destruindo as casas e fazendas…

Os bravos romanos civilizaram,

Deram-nos a língua e mais prendas.

Viriato legou-nos sua coragem,

Só foi derrotado por sacanagem.

Sem comentários:

Enviar um comentário