OS NOVOS LUSÍADAS
(tentativa de continuação de Os Lusíadas de Camões)
Por Joaquim A. Rocha
// continuação...
33
«Ilíada»,
«Odisseia», de Homero,
São
monumentos da literatura;
Eu,
na minha escrita me esmero,
Mas
germina sempre seca e dura…
Melhorar
minha obra eu bem quero,
Mas
o que nasce torto não tem cura.
Não
lhe chamem a isto epopeia,
Pois
não nasceu de Crono e de Reia.
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Um poema será (assim o creio)…
Mal
cozinhado, chocho, sem tempero;
Prédio
sem beleza, sem esteio,
Causando
no leitor o desespero…
Talvez
o rasgue, o corte a meio,
O
reduza a nada, simples zero.
Vai
transformar-se em ruim exemplo,
Numa
ruína de estranho templo.
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Entendei
bem aquilo que vos digo:
Tudo
que eu faço vale só tostões,
O
crédito de um pobre mendigo…
Não
sonhem, não tenham ilusões,
Não
tomem o cego por testigo.
Eu
bem quis fazer estrofes perfeitas,
Mas
nasceram, coitadas, com maleitas.
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Portugal é uma grande varanda
Donde
se avista o mundo inteiro;
Nesta república o povo manda,
Nesta república o povo manda,
Seja
diretor, humilde barbeiro…
Evita-se
a luta, a demanda,
Pois
a paz ocupa lugar cimeiro.
Nascemos
na península ibérica,
Filhos
de África, Ásia, América...
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Por cá há bons e maus temperamentos;
Nos
olhos há laivos de serradura,
Nos
corações ainda há tormentos…
Na
aldeia inda se vê ferradura
Pra
evitar ímpios pensamentos.
Nalguns
lares reina superstição,
Felizmente
em vias de extinção.
38
Trouxeram-nos
patranhas, mitos, lendas;
Gregos
e cartagineses lutaram,
Destruindo
as casas e fazendas…
Os
bravos romanos civilizaram,
Deram-nos
a língua e mais prendas.
Viriato
legou-nos sua coragem,
Só
foi derrotado por sacanagem.
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